Um ataque a tiros na cidade de Jaffa, ao sul de Tel Aviv, resultou na morte de oito pessoas e outros feridos, afirmou a imprensa israelense nesta terça-feira (1º). O ataque ocorreu às 19h00 (horário local), segundo as informações.
O incidente foi logo descrito como “atentado terrorista” pelo jornal Israel Haoym e outras mídias ligadas ao exército e ao governo de Israel.
Segundo a emissora de televisão Canal 14, os feridos totalizam dez transeuntes.
Serviços de emergência reportaram quatro feridos em estado crítico, dois deles em risco de vida.
A polícia israelense chegou à cena e “neutralizou” ambos os suspeitos — isto é, ao adotar execução sumária, sob pretextos securitários comuns à narrativa colonial de Israel frente a ações de palestinos desesperados sob ocupação e colonização há sete décadas.
O incidente ocorreu perto de uma estação de trem na cidade israelense — radicada sobre as ruínas da antiga Jaffa árabe-palestina, capturada por Israel durante a Nakba, em árabe “catástrofe”, de 1948, mediante limpeza étnica planejada.
Os suspeitos foram identificados como Muhammad Chalaf Rajab e Hassan Muhammad Tamimi, ambos da cidade de Hebron (Al-Khalil), na Cisjordânia ocupada, uma das regiões mais alvejadas pela escalada colonial israelense, incluindo pogroms no último ano.
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Muhammad e Hassan foram executados, segundo relatos, por policiais e um suposto civil israelense que detinha posse de uma arma de fogo, muito embora a sua ação não pareça caracterizada, até então, como homicídio.
Pouco depois do incidente, o ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir — populista conhecido por posições supremacistas contra os palestinos —, seguiu ao local, junto do comissário de polícia Kobi Shabtain.
Ben-Gvir aproveitou as tensões para reivindicar a demolição de uma mesquita próxima — invadida pela polícia israelense minutos depois. “Se houver ligação com a mesquita, está claro — será fechada e demolida”, disse o ministro.
Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, do partido fundamentalista Sionismo Religioso, exigiu uma reunião do gabinete, para que as famílias dos “terroristas” sejam “deportadas hoje mesmo a Gaza” e suas casas destruídas”.
“Sem Suprema Corte e sem B’Tselem”, destacou Smotrich, em alusão à conhecida ong de direitos humanos.
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O incidente parece somar um elemento interno de resistência orgânica frente às ações de Israel no Oriente Médio, com um ano de genocídio na Faixa de Gaza e, nesta manhã, uma invasão por terra ao Líbano, sucedida horas depois por disparos balísticos do Irã a Tel Aviv e outras cidades israelenses.
A lei internacional prevê como legítima a resistência à ocupação e colonização em todas as suas formas — incluindo a resistência armada.
Israel, em contrapartida, age em contravenção da lei, como admitido em 19 de julho pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), ao manter sua ocupação nos territórios palestinos de Gaza, Jerusalém Oriental e Cisjordânia — incluindo Hebron.