Israel anuncia invasão por terra ao sul do Líbano, Hezbollah nega

Tropas israelenses avançaram ao Líbano, anunciou em nota o exército do Estado colonial na manhã desta terça-feira (1º), ao lançar sua tão prometida invasão por terra, após uma quinzena de ataques sem precedentes ao país.

Segundo o comunicado, forças israelenses deram início a incursões terrestres “limitadas, localizadas e direcionadas” em aldeias no sul do Líbano.

Os avanços por terra, com apoio de artilharia e ataques aéreos, começaram “horas atrás”, insistiu a nota, tendo como suposto alvo o movimento Hezbollah “em aldeias próximas à fronteira”. Ao menos 30 aldeias foram evacuadas à força.

Os sons dos bombardeios tomaram a capital libanesa Beirute, incluindo fumaça na região periférica ao sul, acometida por violência israelense na semana passada, como suposto bastião do Hezbollah. Três prédios residenciais foram também esvaziados.

Muhammad Afif, official de comunicações do Hezbollah, no entanto, negou à Al Jazeera a entrada de forças israelenses ao território libanês.

“Todas as alegações sionistas de que forças da ocupação entraram no Líbano são falsas”, insistiu Afif, alicerçado na falta de relatos e imagens de confrontos diretos até o momento. No entanto, reafirmou: “Nossos combatentes estão prontos para enfrentar o inimigo caso ousem ou tentem entrar no Líbano”.

LEIA: Vice do Hezbollah promete resistência após assassinato de Nasrallah

Líderes políticas de Israel deram aval à invasão por terra, incitando receios de propagação da guerra, no contexto do genocídio em Gaza, a uma escala regional. Na última semana, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant — sob requerimento de prisão da promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia — confirmou uma “nova fase” da guerra contra o Hezbollah.

A escalada no Líbano sucede bombardeios israelenses que deixaram mais de 700 mortos, 2.500 feridos e um milhão de deslocados em somente uma semana, antecipada por uma onda de ataques terroristas atribuídos ao Mossad que explodiram pagers e walkie-talkies nas ruas libanesas.

Na sexta-feira passada (27), Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah por 30 anos, foi morto por um ataque aéreo israelense ao sul de Beirute.

Em seu comunicado de resposta nesta manhã, o grupo libanês — ligado a Teerã — alegou ter atacado tropas da ocupação israelense com foguetes de artilharia através da fronteira, em Metula, anunciado como zona militar fechada por Israel junto dos colonatos próximos de Misgav Am e Kfar Gilad,

Sirenes tocaram em Tel Aviv, em meio a alertas de ataques aéreos nas cidades centrais de Israel e no subúrbio do capital. Não há registros de bombardeios ou baixas até então, mas a situação é de tensão.

Israel e Hezbollah trocam disparos transfronteiriços desde último outubro, em paralelo ao genocídio em Gaza, com 41 mil mortos, 95 mil feridos e dois milhões de desabrigados até então. As ações israelenses levaram o Estado de apartheid ao banco dos réus do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em 26 de janeiro.

LEIA: Bombardeio de Israel ao Líbano expulsa cem mil à Síria assolada pela guerra

Neste entremeio, segundo analistas, Israel busca expandir o escopo da guerra, ao realizar ataques regulares ao centro do Líbano e outras zonas de influência do Irã, incluindo Síria, Iêmen e Iraque.

Em 31 de julho, Tel Aviv atacou Teerã, onde assassinou o chefe político do grupo Hamas, Ismail Haniyeh — responsável pelas negociações de cessar-fogo. Haniyeh se hospedava na capital iraniana junto de outros chefes de Estado e governo para a posse do presidente Masoud Pezeshkian.

Israel age ainda em desacato a uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança emitida via abstenção inédita dos Estados Unidos, após sucessivos vetos.

Sair da versão mobile