Forças dos Estados Unidos auxiliaram Israel a interceptar a salva de mísseis balísticos do Irã disparada nesta terça-feira (1º) contra Tel Aviv e outras cidades, declarou Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional, em coletiva de imprensa na Casa Branca.
As informações são da agência de notícias Al Jazeera.
De acordo com o relato, o exército americano “coordenou de perto” as ações junto a seus homólogos israelenses, a fim de abater os projéteis.
Sullivan confirmou que “contratorpedeiros da Marinha agiram em conjunto a unidades da defesa aérea de Israel, ao disparar interceptadores”.
“Em suma, com base no que sabemos até então, este ataque parece ter sido derrotado e ineficaz”, comentou Sullivan a jornalistas. “Isso se deve sobretudo ao profissionalismo do exército israelense. Mas, em parte considerável, também ao trabalho habilidoso de nosso exército e planejamento meticuloso conjunto em antecipação ao ataque”.
O Irã lançou disparos a Israel pela segunda vez na história — a primeira em abril —, horas depois de o exército ocupante deflagrar uma invasão por terra ao sul do Líbano, após uma quinzena de escalada, a partir ataques terroristas atribuídos ao Mossad, com a explosão de pagers e walkie-talkies nas ruas libanesas.
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Em uma semana, bombardeios israelenses mataram mil libaneses, feriram quase três mil e deslocaram à força um milhão de pessoas. Em Gaza, em pouco menos de um ano, são 41 mil mortos, 96 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
A Guarda Revolucionária iraniana justificou seus disparos em resposta aos assassinatos de Ismail Haniyeh, líder político do movimento Hamas, morto em Teerã, em 31 de julho; e Hassan Nasrallah, chefe do grupo Hezbollah, em Beirute, na última sexta-feira (27).
Questionado sobre uma eventual tréplica israelense, Sullivan disse que a Casa Branca e o Pentágono mantêm “consultas” com seus parceiros israelenses.
“Temos orgulho das ações que tomamos ao lado de Israel, para protegê-lo e defendê-lo”, acrescentou. “Temos deixado claro que haverá consequências — consequências severas — a este ataque e que trabalharemos com Israel para que seja o caso”.
Analistas alertam há meses que o fracasso da administração democrata de Joe Biden em pressionar o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a aderir a um cessar-fogo em Gaza e no Líbano arrastaria todo o Oriente Médio a uma guerra regional.
Diante das tensões regionais, o governo americano seguiu na contramão da comunidade internacional, ao preterir medidas ativas por cessar-fogo em nome de sucessivos apelos por “diplomacia”, sobretudo por parte do secretário de Estado, Antony Blinken, repudiado por mentir ao Congresso em favor de Israel.
Seu departamento reiterou que o apoio da Casa Branca a Israel permanece “inabalável”. Neste sentido, o porta-voz Matthew Miller assegurou aos jornalistas: “Continuaremos ao lado do povo de Israel neste momento crítico”.
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Washington continua a fornecer US$3.8 bilhões em ajuda militar ao regime colonial todos os anos. Biden consentiu com US$14 bilhões adicionais desde outubro último.
As ações americanas implicam a gestão Biden como cúmplice do genocídio em curso na Faixa de Gaza, em meio ao processo sul-africano no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, deferido em janeiro.
Em seus primeiros comentários após reunião com sua equipe na chamada Sala de Crise — incluindo sua vice e candidata democrata, Kamala Harris — Biden afirmou à imprensa manter “discussões ativas” com Israel sobre sua eventual resposta.
“Os Estados Unidos são absolutamente — absolutamente solidários a Israel”, ressaltou o incumbente, em fim de mandato, às vésperas de uma conturbada eleição em novembro.
De acordo com Khalil Jahshan, diretor executivo do Centro Árabe de Washington, o “apoio cego” da Casa Branca, “não apenas às políticas, mas também aos excessos israelenses”, levou toda a região “ao desconhecido”.
“Tudo isso é resultado de uma política unilateral que se nega a aceitar qualquer elemento de racionalidade, desde o início deste conflito”, prosseguiu Jahshan.
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Segundo Raed Jarrar, diretor do think tank DAWN, sediado em Washington: “Uma a guerra regional segue inevitável à medida que os Estados Unidos insistem em financiar e apoiar Netanyahu e todos os seus crimes de guerra — seu genocídio e seus ataques a todos os seus vizinhos”.
“Isso nunca vai parar sem que os Estados Unidos batam seu pé e digam, ‘Não enviaremos mais armas a Israel, não financiaremos mais os seus crimes”, destacou Jarrar.
Para Jarrar, a política americana equivale a um “cheque em branco” à escalada em curso. “A gestão Biden é disfuncional e carece de qualquer liderança. Sua gestão é ausente e dá a Israel tudo que quer — de armas a dinheiro —, ao exercer zero pressão. Netanyahu pode tudo, mas sem qualquer preço a pagar”.
“O que nós vimos hoje é resultado do fracasso da liderança dos Estados Unidos na região do Oriente Médio e Norte da África”, advertiu Jarrar. “A região entrou oficialmente em uma guerra regional de larga escala”.