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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Mortes de mulheres e crianças em Gaza são as maiores em 20 anos, confirma Oxfam

Palestinos lamentam a morte de seus entes queridos por ataques de Israel no necrotério do Hospital Nasser, em Khan Younis, sul de Gaza, em 1º de outubro de 2024 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]

Um novo relatório da confederação humanitária internacional Oxfam confirmou que Israel matou mais mulheres e crianças em sua campanha na Faixa de Gaza, em doze meses, do que qualquer outro conflito no mundo em duas décadas.

Segundo estimativas conservadoras, ao menos seis mil mulheres e 11 mil crianças foram mortas em Gaza desde outubro último, alimentando demandas por cessar-fogo urgente à medida que Israel avança contra o Líbano e mantém violações na Cisjordânia.

Números verificados pela Al Jazeera, contudo, colocam o número de mortos por Israel em Gaza em “ao menos 16.456 crianças e 11 mil mulheres”.

Para Sally Abi Khalil, diretora da Oxfam para Oriente Médio e Norte da África, a situação é “chocante e desoladora”, sobretudo pelo fracasso internacional em responsabilizar Israel por seus crimes.

“Atores influentes na comunidade internacional não apenas falharam em responsabilizar Israel, como são de fato cúmplices nas atrocidades ao abastecê-lo com armas de forma incondicional”, comentou Abi Khalil.

“Levará gerações para que todos se recuperem dos impactos devastadores dessa guerra. Ainda assim, não há cessar-fogo à vista”, acrescentou.

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O relatório da Oxfam mencionou dados do grupo Every Casualty Counts, que revelam que Gaza vivenciou cinco vezes mais mortes de crianças no último ano do que o período total entre 2005 e 2022.

Para além da perda de vidas, a devastação da infraestrutura de Gaza é catastrófica: mais de 68% das terras agrícolas e vias vitais foram destruídas ou danificadas; somente 17 dos 36 hospitais do território permanecem operacionais — todos sob escassez de remédios, combustível e água.

Somado à ruína, está o deslocamento à força, com civis palestinos forçados a fugirem de ataques aéreos e violentas incursões por terra em sucessivas ocasiões, transferidos entre “zonas seguras”, muitas vezes bombardeadas, que carecem de subsistência básica.

Segundo a organização Action on Armed Violence, Israel realizou, em médio, um ataque a

Infraestruturas civis na Faixa de Gaza a cada três horas, desde o início da crise.

A Oxfam notou ainda que mais de 25 mil crianças perderam um ou ambos os pais, muitas delas com ferimentos graves, incluindo amputação, e trauma.

Conforme o dr. Umaiyeh Khammash, diretor da ong Juzoor, parceira da Oxfam, a escala da catástrofe humanitária em Gaza é “devastadora”, com milhares de pessoas à procura de abrigo em 90 postos de saúde primária ou abrigos espalhados no território.

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“O ano tem tido um impacto devastador e as mulheres carregam um fardo duplo”, alertou Khammash. “Muitas subitamente se tornaram chefes de seu lar, ao navegar por cuidados e sobrevivência em meio à destruição”.

“Mães que estão amamentando e mulheres grávidas enfrentam imensas dificuldades, por exemplo, com o colapso dos serviços de saúde”, reafirmou.

“Para as crianças, o trauma é igualmente profundo”, enfatizou o médico. “A maioria delas luta contra a ansiedade e ferimentos físicos gravíssimos, incluindo muitas que perderam membros para os bombardeios”.

A Oxfam concluiu o relatório ao reforçar apelos por um cessar-fogo imediato, em paralelo à soltura dos reféns e com destaque ao fim do comércio de armas com Israel.

A federação reivindicou ainda o pleno acesso humanitário a Gaza e instou a comunidade internacional a responsabilizar Israel por suas ações, incluindo ocupação ilegal, a fim de desmantelar os assentamentos na Cisjordânia e conceder reparações aos nativos, como estipulado em julho pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia.

A mesma corte levou Israel, em feito histórico, ao banco dos réus, ao aceitar a denúncia sul-africana de que o regime ocupante comete genocídio em Gaza, em janeiro.

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