Rússia responsabiliza EUA por escalada de tensões no Oriente Médio

A Rússia responsabilizou os Estados Unidos pela recente escalada de tensões no Oriente Médio, ao descrever as ações do governo do presidente Joe Biden para a região como “um completo fracasso”.

Maria Zakharova, porta-voz da chancelaria russa, comentou a resposta de Teerã à morte de Hassan Nasrallah, chefe do movimento libanês do Hezbollah, por uma bateria de mísseis lançadas a Israel nesta terça-feira (1º).

“O completo fracasso da gestão Biden no Oriente Médio [reflete] um drama sangrento que segue ganhando impulso”, comentou Zakharova. “As declarações desarticuladas da Casa Branca demonstram absoluta impotência em resolução de crises”.

“Os esforços de Antony Blinken [secretário de Estado americano] resultaram em milhares de vítimas e um completo impasse”, acrescentou.

A Guarda Revolucionária citou também o assassinato de Ismail Haniyeh, chefe político do grupo palestino Hamas, na cidade de Teerã, em 31 de julho, onde estava hospedado para a posse do novo presidente Masoud Pezeshkian.

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Diante da réplica iraniana — aparentemente apressada pela invasão terrestre de Israel ao Líbano, nesta manhã —, uma delegação russa, encabeçada pelo vice-primeiro-ministro, Dmitry Chernyshenko, se viu forçada a retornar a meio caminho de Doha.

Chernyshenko deveria participar da 3ª Cúpula de Diálogo e Cooperação da Ásia, entre 2 e 3 de outubro, na capital catari. No entanto, ao citar fechamento do espaço aéreo, alterou sua rota à cidade russa de Mineralnye Vody.

O Irã é aliado estratégico da Rússia na região, sobretudo ao manter bases compartilhadas na Síria, onde apoiam o presidente Bashar al-Assad.

Na segunda-feira (30), o presidente iraniano Masoud Pezeshkian recebeu na capital Teerã Mikhail Mishustin, primeiro-ministro da Rússia, para uma visita de um dia.

A escalada israelense coincide com o genocídio na Faixa de Gaza sitiada, que se avizinha de seu primeiro aniversário, com ao menos 41 mil mortos, 96 mil feridos e dois milhões de desabrigado.

Em apenas uma semana, os ataques israelenses ao Líbano deixaram mil mortos, três mil feridos e um milhão de deslocados à força.

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Rússia e Estados Unidos tendem a se manter em lados opostos da geopolítica, sobretudo desde a deflagração da invasão na Ucrânia, sob pretexto da aproximação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) à fronteira russa.

Analistas alertam há meses que o fracasso da administração americana em pressionar o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a acatar um cessar-fogo em Gaza — e então, no Líbano — arrastaria todo o Oriente Médio a uma guerra regional.

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