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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Irã não quer guerra, mas tem de se defender, aponta Pezeshkian

Presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, durante entrevista à rede CNN em viagem oficial a Nova York, nos Estados Unidos, em 24 de setembro de 2024 [Presidência do Irã/Agência Anadolu]

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, reafirmou que seu governo “não busca a guerra, mas sim a paz e a tranquilidade”, embora “Israel tenha nos forçado a reagir”.

Pezeshkian fez seu comentário em coletiva de imprensa em Doha, junto ao emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, no qual abordou a escalada regional desta semana, após um ano de genocídio em Gaza.

Nesta terça-feira (1º), o Irã lançou disparos diretos contra Israel apenas pela segunda vez na história — a primeira em abril —, horas após o exército israelense iniciar uma invasão por terra ao Líbano.

Pezeshkian, eleito sobre uma plataforma moderada há apenas três meses, está no Catar, com a missão de mobilizar os países da região a compreender suas ações. O presidente, contudo, alertou para uma forte resposta em caso de tréplica israelense.

Pezeshkian apontou ainda que, desde sua posse, fala de paz em todos os seus discursos, mas que o fracasso da comunidade internacional em conter as hostilidades de Israel, por todo o Oriente Médio, forçou a mão de seu exército.

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Para o presidente, o assassinato de Ismail Haniyeh, líder político do movimento palestino Hamas, em Teerã — onde estava para a posse —, em 31 de julho, pedia resposta, contida por meses, no entanto, sob a anuência iraniana a apelos por comedimento.

“Nos pediram para manter a calma”, argumentou Pezeshkian. “Em nome da paz, sim, nós mantivemos contenção”.

Segundo o presidente, a acedência se deu às promessas por cessar-fogo em Gaza, sem o aval de Israel.

A crise atingiu, porém, um novo patamar com os avanços israelenses ao grupo Hezbollah, incluindo o assassinato de seu líder, Hassan Nasrallah, na última sexta-feira (27).

“Agora, se [Israel] agir, agiremos de maneira ainda mais dura e contundente”, prosseguiu Pezeshkian. “Os objetivos nefastos do Estado sionista são todos voltados a desestabilizar a região. Temos de trabalhar juntos para que fiquemos todos longe de tudo isso”.

Durante sua visita ao Catar, na ocasião da chamada Cúpula de Diálogo e Cooperação da Ásia, o presidente do Irã se encontrou também com o ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, com quem trocou um aperto de mãos.

Riad e Teerã normalizaram relações neste ano, sob mediação da China, encerrando anos de disputas regionais.

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O discurso de Pezeshkian coincide com o posicionamento de Amir Saeed Iravani, enviado iraniano nas Nações Unidas, que descreveu os disparos a Israel como uma “necessidade” para “restaurar a dissuasão” de seu país.

“Nem toda agressão pode ficar impune”, indicou Iravani, ao Conselho de Segurança sobre Israel.  “Este é o custo que eles têm de pagar”.

Na terça-feira, os emissários iranianos justificaram a ação — com 200 mísseis balísticos, sobretudo a bases militares nos arredores de Tel Aviv — como “em pleno acordo de nosso direito à autodefesa”, após reiteradas ameaças de Israel ao longo de meses.

Iravani notou ainda que o Irã assumirá “medidas defensivas para proteger sua integridade territorial”, caso Israel volte a retaliar.

De sua parte, o emir catari, al-Thani, caracterizou a escalada colonial israelense como um “genocídio coletivo” e advertiu contra a “impunidade” de Israel, ao transformar a Faixa de Gaza em um “lugar inabitável”.

Al-Thani insistiu, porém, na “solução de dois Estados”, ao afirmar que “o estabelecimento de um Estado palestino nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital, é chave para uma paz duradoura em nossa região”.

“Pedimos por sérios esforços de cessar-fogo, para dar fim ainda à agressão israelenses ao Líbano”, ressaltou o monarca.

Uma fonte iraniana, no entanto, comentou à Al Jazeera que “o momento de comedimento unilateral chegou ao fim”, ao sugerir uma “resposta não-convencional” a Israel, incluindo infraestrutura, em caso de nova escalada.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há um ano, com ao menos 41.800 mortos, 96 mil feridos e dois milhões de desabrigados.

As ações israelenses são julgadas como crime de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

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