A Autoridade de Recursos Hídricos da Palestina reportou nesta sexta-feira (4) detalhes da destruição em massa deixada pelos bombardeios de Israel, no último ano, às instalações de água e esgoto na Faixa de Gaza, segundo informações da agência Wafa.
Especialistas estimaram que ao menos 85% da infraestrutura hídrica e sanitária de Gaza estão parcial ou completamente inoperantes devido aos danos.
Ziad Fuqaha, diretor da agência, notou impacto a estruturas vitais, incluindo estações de tratamento de esgoto, usinas de dessalinização, centros de bombeamento, poços, caixas d’água e encanamentos, sob demanda de reparos massivos.
Blecautes por Israel agravam a crise, incluindo falta de combustível aos geradores. A falta de suprimentos para manutenção, junto aos escombros, impede sequer a segurança das eventuais obras nos locais danificados.
Fuqaha reiterou que a agressão israelense danificou severamente todas as três principais fontes de Gaza, com queda na produção a apenas 30–35% dos níveis pré-guerra.
Lençóis freáticos, que abasteciam 300 poços com 262 mil m³ diariamente, viram redução drástica, com queda a apenas 92 mil metros cúbicos por dia.
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A usina de dessalinização no norte de Gaza, com capacidade de aproximadamente 10 mil m³ por dia, foi inutilizada. As usinas da região sul e central, que produziam 20 mil e 5.500 m³ por dia antes da crise, não chegam, somadas, a 5 mil m³ por dia.
Recursos remanescentes seriam fornecidos por entidades assistenciais via fronteira com Israel, contudo, restritos junto ao cerco militar absoluto imposto pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant, desde outubro último.
Palestinos, após um ano de genocídio — com 41 mil mortos, 96 mil feridos e dois milhões de desabrigados —, vivem hoje com apenas três litros de água por dia para cobrir todas as suas necessidades.
O volume é estimado em apenas 3% do mínimo recomendado internacionalmente.
A destruição da infraestrutura da água, junto ao cerco, levaram ainda a surtos de doenças em Gaza, incluindo hepatite, difteria e mesmo poliomielite — encontrada em amostras de esgoto em Khan Younis e Deir al-Ballah em julho.
As ações israelenses são julgadas como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.
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