Uma delegação de alto escalão do grupo palestino Hamas se reuniu com o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, em Doha, capital do Catar, para discutir o genocídio de Israel em Gaza e os recentes avanços regionais, incluindo a invasão ao Líbano.
Em nota emitida pelo Hamas nesta quinta-feira (3), o movimento confirmou que a equipe, liderada por Muhammad Darwish, presidente do Conselho de Shura do Hamas, abrangeu outras figuras de destaque do gabinete político, incluindo Khaled Meshal, Khalil al-Hayya, Hussam Badran e Muhammad Nasr.
A delegação iraniana contou, por sua vez, com o embaixador no Catar, Ali Saleh Abadi, e o ministro de Relações Exteriores, Abbas Araghchi, que seguiu viagem nesta sexta-feira (4) a Beirute, capital do Líbano, para conversar também com o premiê Najib Mikati e o chefe do legislativo Nabih Berri.
Conforme o Hamas, os interlocutores discutiram desenvolvimentos políticos e de campo sobre a questão palestina, em particular a campanha israelense em Gaza, que se avizinha de um ano, e a recente expansão ao Líbano.
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A delegação palestina enfatizou a parceria estratégica com o Irã e o “eixo de resistência”, ao acolher a resposta iraniana ao assassinato de Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, em Beirute, em 31 de julho, onde estava para a posse de Pezeshkian.
O incidente foi mencionado, junto à morte de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, como razão para o disparo de 200 mísseis iranianos a Israel nesta terça-feira (1º), somente pela segunda vez na história — a primeira em abril.
Pezeshkian, de sua parte, descreveu o martírio de Haniyeh como um dos momentos mais difíceis da sua vida. “Haniyeh era convidado de minha cerimônia de posse; horas depois, soube das notícias de seu assassinato atroz, o que foi bastante doloroso para mim”.
Segundo o presidente, os crimes cometidos pela “entidade sionista em Gaza e no Líbano partem o coração de quem quer que tenha humanidade — uma dor ainda maior àqueles que veem os palestinos oprimidos como nossos irmãos”.
Pezeshkian condenou ainda o comportamento “vergonhoso” dos Estados Unidos e outras potências ocidentais em apoio incondicional a Israel, sob suposta “democracia”, apesar das sucessivas violações de direitos humanos.
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O presidente iraniano viajou a Doha para a Cúpula de Diálogo e Cooperação da Ásia, onde buscou elucidar a seus vizinhos a posição de seu Estado, em meio a apreensões de que a escalada em Gaza e no Líbano tome a região.
Em Gaza, Israel deixou ao menos 41 mil mortos e 96 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados desde outubro passado. No Líbano, são mil mortos, três mil feridos e cerca de 1.2 milhão de deslocados à força em dez dias.
As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.