O Tribunal de Justiça Europeu (TJE) declarou que os acordos comerciais entre a União Europeia (UE) e o Marrocos não podem incluir bens ou recursos originários do Saara Ocidental. A decisão, que ressalta o status do Saara Ocidental como um território disputado, tem implicações significativas para as relações econômicas e acordos comerciais em andamento entre a UE e o Marrocos.
O TJE enfatizou que o Saara Ocidental é considerado um “território não autônomo” de acordo com o direito internacional e, portanto, é distinto do Reino do Marrocos. Dessa forma, quaisquer acordos comerciais que incluam produtos do Saara Ocidental devem reconhecer explicitamente esse status e não podem ser automaticamente considerados como parte de acordos envolvendo o Marrocos.
Essa decisão é resultado de uma disputa jurídica de longa data sobre a exploração de recursos no Saara Ocidental, como pesca, produtos agrícolas e fosfatos. A decisão do TJE se alinha a decisões anteriores que, de forma semelhante, consideraram ilegal tratar o território do Saara Ocidental como parte do Marrocos para fins comerciais.
A decisão provocou reações de várias partes. A Frente Polisario, o movimento de libertação saarauí que busca a independência do Saara Ocidental, saudou a decisão como uma vitória para os direitos do povo saarauí e seu controle sobre os recursos do território. As autoridades marroquinas expressaram desapontamento, e alegam que o Saara Ocidental é parte integrante do Reino e que a decisão pode prejudicar o desenvolvimento econômico da região.
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A UE agora terá que reavaliar e ajustar seus acordos comerciais com o Marrocos para garantir que eles estejam em conformidade com a decisão. O tribunal enfatizou que quaisquer acordos futuros que envolvam recursos do Saara Ocidental devem garantir o consentimento explícito do povo do território, em vez de assumir a autoridade do Marrocos sobre ele.
A decisão levantou questões sobre o futuro das relações entre a UE e o Marrocos, uma vez que os dois países têm colaborado estreitamente no comércio, na segurança e na migração. No entanto, a decisão do TJE envia uma mensagem clara sobre a importância de respeitar o Direito Internacional e os direitos das pessoas em territórios não autônomos, estabelecendo um precedente significativo para futuros acordos comerciais envolvendo regiões disputadas.