Portuguese / English

Middle East Near You

Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

A ONU quer o que Israel quer: genocídio e seu transbordamento pela região

Familiares de palestinos, que perderam suas vidas após o ataque israelense ao Campo de Refugiados de Nuseirat, lamentam após os corpos serem levados ao Hospital dos Mártires de al-Aqsa para o processo de sepultamento em Deir al-Balah, Gaza, em 1º de outubro de 2024 [Ashraf Amra/ Agência Anadolu]
Familiares de palestinos, que perderam suas vidas após o ataque israelense ao Campo de Refugiados de Nuseirat, lamentam após os corpos serem levados ao Hospital dos Mártires de al-Aqsa para o processo de sepultamento em Deir al-Balah, Gaza, em 1º de outubro de 2024 [Ashraf Amra/ Agência Anadolu]

O Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, disse ao Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira: “Devemos evitar uma guerra regional a todo custo”. Gaza, ele acrescentou, continua sendo o epicentro da violência. Depois que Israel assassinou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e foi elogiado pelos EUA por fazê-lo como “uma medida de justiça”, o porta-voz de Guterres, Stephane Dujarric, emitiu uma declaração que começou com suposta grave preocupação com “a escalada dramática”, como se os ataques aéreos israelenses fossem produções teatrais. Ele terminou com um apelo por “um cessar-fogo imediato e a libertação de todos os reféns mantidos lá”.

A ONU não consegue mais manter a pretensão de que defende os direitos humanos.

Enquanto isso, na Assembleia Geral da ONU, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu deu à sua audiência uma demonstração de poder patético com seu discurso cheio de ameaças promovendo o Grande Israel na instituição que supostamente se dedica a erradicar o colonialismo, que é definido pelo Estatuto do Tribunal Penal Internacional como um crime contra a humanidade.

“Estamos focados em limpar as capacidades de combate restantes do Hamas”, disse Netanyahu à Assembleia Geral. Israel não está limpando, está derramando sangue demonicamente em Gaza. E para fazer um ponto inválido, Netanyahu comparou o Hamas aos nazistas, perguntando quem teria permitido que os nazistas reconstruíssem a Alemanha após a guerra. Não há comparação, é claro. Como um movimento de resistência, o Hamas existe em oposição ao colonialismo de assentamento — um crime contra a humanidade, lembre-se — e a existência e a luta do movimento são inteiramente legítimas sob o direito internacional, que a ONU ignora. Genocídio, por outro lado, é completamente ilegal, mas a ONU o normalizou.

LEIA: Um ano de genocídio em Gaza: as posições da América Latina

O mais repugnante é que Netanyahu se apropriou de uma linguagem que tem sido usada pelos palestinos desde a Nakba de 1948. O Hezbollah, ele disse, forçou os israelenses a se tornarem “refugiados em sua própria terra”. Mas… a terra não é deles, ela pertence aos palestinos. “O Hezbollah transformou cidades vibrantes no norte de Israel em cidades fantasmas”, continuou Netanyahu. Quem transformou cidades palestinas vibrantes em escombros desde 1948? Os terroristas sionistas e os paramilitares colonos de Israel, é isso.

E ainda assim, apesar dos civis massacrados que Israel deixa para trás a cada dia como prova de sua intenção e ação genocidas, a ONU permanece em silêncio após expressar grave preocupação. A expressão em si parece cômica agora, da maneira mais trágica possível. Com o que exatamente a ONU está preocupada? Sua inação dá apoio tácito ao genocídio de Israel. Logicamente, portanto, a ONU quer o que Israel quer: genocídio e seu transbordamento pelo Oriente Médio.

A ilusão da ONU como uma entidade imparcial precisa ser denunciada.

O poder dentro da ONU está com uma cabala de antigas potências coloniais que aprovam o genocídio, o colonialismo de assentamento e o racismo — as marcas registradas do sionismo — porque eles foram responsáveis ​​pela limpeza étnica de populações indígenas ao redor do mundo.

A ONU criou regras para os colonizados seguirem, e para as antigas potências coloniais e o atual estado colonial — Israel — explorarem. O ciclo de violência é perfeito, porque não há desafio ao status quo de esperar que os colonizados recorram à mendicância por migalhas de instituições internacionais enquanto o imperialismo atrasa a justiça para destruir e aniquilar.

Às delegações que saíram quando Netanyahu falou, eu digo, vocês são diplomatas, não ativistas. Sair não implica poder político na Assembleia Geral da ONU. Israel não pode ser envergonhado; é desavergonhado. Mas isso pode ser interrompido, antes de tudo, destruindo a ilusão de que a ONU tem uma agenda de direitos humanos e expondo os interesses de países individuais que detêm o poder político da ONU.

Mentiras estão matando civis na Palestina e no Líbano tanto quanto armas. A ONU não é um abrigo para os direitos humanos; é um facilitador internacional para a tortura dos colonizados.

LEIA: Da Palestina ao Líbano: A luta sangrenta e a resistência contínua

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

Categorias
ArtigoÁsia & AméricasEUAIsraelONUOrganizações InternacionaisPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments