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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Após invasão ao Líbano, Macron sugere embargo de armas a Israel

Presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu em Paris, em 12 de fevereiro de 2024 [Ümit Dönmez/Agência Anadolu]
Presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu em Paris, em 12 de fevereiro de 2024 [Ümit Dönmez/Agência Anadolu]

Após um ano de genocídio na Faixa de Gaza, em meio aos recentes avanços ao Líbano, o presidente da França, Emmanuel Macron, somou-se enfim aos apelos globais pelo fim do envio de armamentos a Israel.

“Penso que, hoje, a prioridade é voltarmos a uma solução política, incluindo parar o envio de armas usadas em Gaza”, disse Macron ao canal France Inter no sábado passado (5). “A França não está enviando arma alguma”, reiterou.

Embora Paris não seja uma exportadora majoritária a Israel, o comentário de Macron tem peso por seu protagonismo na União Europeia e seu assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, para além da presença em blocos ocidentais.

Em setembro, o Reino Unido — sob recente governo trabalhista do premiê Keir Starmer — anunciou suspender parte de suas exportações militares a Israel, ao alegar “risco” de que fossem utilizadas em violação da lei internacional.

Ambos os países, no entanto, mantêm apoio político a Israel. Londres, na última semana, reivindicou “fazer sua parte” para defender o Estado colonial de apartheid dos mísseis do Irã, disparados horas depois da invasão ao Líbano.

Macron reiterou preocupação sobre a catástrofe em Gaza, com a continuidade das ações militares de Israel apesar de persistentes apelos por cessar-fogo: “Penso que não somos ouvidos e isso é um erro — incluindo para a segurança de Israel”.

Macron criticou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pelo envio de tropas de infantaria ao território libanês — antiga colônia francesa, em crise há anos. Segundo o presidente francês, a prioridade é “evitar uma escalada”.

“O povo libanês não pode ser sacrificado”, insistiu Macron. “O Líbano não pode, de forma alguma, se tornar outra Gaza”.

Netanyahu respondeu ao atacar Macron: “Enquanto lutamos contra a barbárie do Irã [sic], todos os países civilizados [sic] deveriam estar ao lado de Israel. Ainda assim, Macron e outros líderes ocidentais pedem embargo contra nós. Vergonha deles!”

O escritório de Macron emitiu uma tréplica ainda no sábado, ao se dizer “amigo contumaz de Israel”, mas rechaçar a reação de Netanyahu como “excessiva e desligada da relação amistosa entre França e Israel”.

A declaração de Macron parece se dirigir ainda aos Estados Unidos, cujo governo de Joe Biden, em plena campanha eleitoral, ignora apelos internos para cessar a cumplicidade com o genocídio de Israel.

Em maio, o Departamento de Estado dos Estados Unidos alegou não encontrar evidência “razoável” para designar as remessas a Israel como inconsistentes com a lei humanitária internacional. O responsável pela pasta, Antony Blinken, é denunciado, desde então, por mentir ao parlamento.

Para o Catar, mediador-chave nas negociações por cessar-fogo em Gaza, a fala de Macron é “um passo importante e grato para parar a guerra”.

A Jordânia também saudou o líder francês, ao pedir “consequências reais” ao país vizinho, com quem mantém relações apesar de pressão interna.

Os comentários de Macron coincidem ainda com uma viagem de quatro dias do ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, ao Oriente Médio, encerrando-se na segunda (7) em Israel — no entanto, sem detalhes.

As intervenções francesas calham com o primeiro aniversário do genocídio israelense em Gaza, com 42 mil mortos e 97 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. Entre os mortos, 16.400 são crianças.

No Líbano, são três mil mortos, sete mil feridos e 1.2 milhão de deslocados à força — em maioria, nos últimos quinze dias.

As ações de Israel seguem em desacato a uma resolução do Conselho de Segurança e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

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