Após um ano de genocídio israelense na Faixa de Gaza sitiada, crianças palestinas enfrentam “desafios para toda a vida e mesmo pós-geracionais”, advertiu Catherine Russell, diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), segundo informações da agência Reuters.
“Se você olhar para Gaza pelos olhos de uma criança, é um verdadeiro inferno”, disse Russell ao programa “Face the Nation”, da CBS News, em entrevista concedida neste domingo (6), na qual reiterou o impacto das mortes e deslocamento às famílias, assim como a fome e falta de água potável.
“[As crianças] estão traumatizadas pelo que está acontecendo”, acrescentou Russell. “Mesmo se conseguirmos levar suprimentos, o trauma que essas crianças estão sofrendo vai lhes deixar desafios para toda a vida e mesmo pós-geracionais”.
Russell observou que ainda é “bastante perigoso” levar assistência humanitária a Gaza. Contudo, exaltou a “história de sucesso” de sua entidade — junto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) — em vacinar milhares de crianças conta a poliomielite em Gaza.
A vacinação, em sua primeira dose, superou a meta de 90% das crianças de Gaza, após um primeiro caso sintomático em um bebê de dez meses incitar alarde sobre a doença, até então erradicada. A segunda dose, para concluir a imunização, no entanto, permanece incerta, à medida que Israel não indica tréguas para a campanha.
Sobre os ataques israelenses ao Líbano, Russell descreveu como “chocantes” a “velocidade e intensidade” da escalada, ao alertar para dificuldades de sua agência em alcançar os deslocados à força.
“Ainda me sinto confiante, neste momento, que poderemos suprir as demandas, mas exige tremendo esforço de nossa parte para fazê-lo”, concluiu Russell.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há um ano, com 41.800 mortos, 97.100 feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco absoluto — sem comida, água e medicamentos. Entre as fatalidades, 16.400 são crianças,
No Líbano, Israel matou cerca de duas mil pessoas, feriu sete mil e deslocou 1.2 milhão de pessoas — a maioria, em apenas uma quinzena de ataques intensivos.
As ações de Israel representam desacato a uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, por cessar-fogo em Gaza, assim como a medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.
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