Um ataque aéreo israelense resultou em mais um jornalista morto em Gaza, confirmou no domingo, 6 de outubro, o gabinete de imprensa do governo local, levando o total de baixas na categoria a 175 vítimas fatais em apenas um ano.
“Condenamos nos mais firmes termos os ataques e assassinatos da ocupação israelense contra os jornalistas palestinos”, declarou a nota, ao exortar da comunidade internacional que aja para “responsabilizar e dissuadir a ocupação de seus crimes”.
A vítima foi identificada como Hassan Hamad, de somente 19 anos, morto por um ataque a sua residência no campo de refugiados de Jabaliya, no norte do enclave.
Dias antes, o jovem repórter — que trabalhava como freelancer para Al Jazeera, Anadolu e outras redes — denunciou ameaças do exército israelense, via WhatsApp e telefonemas, para que deixasse de documentar o genocídio de seu povo.
“Hassan Hamad, repórter que não passou dos 20 anos de idade, resistiu um ano inteiro a sua maneira”, escreveu um colega nas redes do jornalista. “Resistiu ao ficar longe de sua família para protegê-los. Resistiu ao buscar um sinal de internet, passando uma hora ou duas em cima dos telhados, para enviar vídeos baixados em questão de segundos”.
“Às 6 horas da manhã, me ligou para enviar seu último vídeo”, prosseguiu o relato. “Após uma ligação de somente alguns segundos, disse: ‘Eles estão aqui, aqui estão, acabou’ — então desligou”.
Conforme imagens verificadas pela rede Al Jazeera, o corpo de Hamad foi encontrado em pedaços, recolhido em sacolas após o ataque de Israel. “Foi isso que sobrou dele”, disse um colega em postagem no Instagram.
O assassinato coincide com denúncias de que Israel ataca deliberadamente profissionais de imprensa a fim de encobrir seus crimes em Gaza.
Em nota na sexta-feira (4), pareceu antever Carlos Martínez de la Serna, diretor do Comitê para Proteção aos Jornalistas (CPJ): “Cada vez que um jornalista é morto, ferido, preso ou exilado, perdemos fragmentos da verdade. Aqueles responsáveis enfrentam dois juízos: o primeiro sob a lei internacional; o segundo, sob a história”.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro de 2023, em punição coletiva a uma operação transfronteiriça do grupo palestino Hamas que capturou colonos e soldados.
Estima-se em torno de 41.900 mortos em Gaza em doze meses — em maioria, mulheres e crianças —, além de 97.100 feridos e dois milhões de desabrigados sob cerco absoluto, isto é, sem comida, água, combustível ou medicamentos.
As ações de Israel seguem em desacato a uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.