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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

‘Sem precedentes e deliberado’: Israel mata 175 jornalistas em Gaza em um ano

Jornalistas protestam contra ataques israelenses à categoria em frente ao Hospital Nasser, após o assassinato de Hassan Hamad, em Khan Younis, na Faixa de Gaza, em 6 de outubro de 2024 [Doaa Albaz/Agência Anadolu]

Ao menos 175 profissionais de imprensa foram mortos na Faixa de Gaza sitiada no último ano — número descrito como “nível absolutamente chocante de perda em vidas” por Tim Dawson, secretário-geral adjunto da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ).

“As perdas postas aos jornalistas de Gaza são algo que o mundo sequer vivenciou”, disse Dawson à rede Al Jazeera.

“Em Gaza, muito mais do que 10% dos jornalistas perderam suas vidas desde o início do conflito”, reiterou, ao notar que taxas de infantaria, em conflitos passados, orbitam 5% ou menos — incluindo entre os soldados americanos no Vietnã.

Segundo Dawson, as estimativas, assim como a forma com que os profissionais de mídia são mortos em Gaza, torna “bastante difícil não concluir” que tais ações, por parte de Tel Aviv, não sejam deliberadas.

“O que é mais importante agora é que o Tribunal Penal Internacional [TPI] avance em suas investigações”, destacou Dawson, em referência ao pedido da promotoria por mandados de prisão contra o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, sob análise de uma câmara pré-julgamento desde maio.

No domingo, 6 de outubro, à véspera do primeiro aniversário do genocídio em Gaza, Israel matou o jornalista Hassan Hamad, de apenas 19 anos, em um ataque aéreo contra a sua residência no campo de refugiados de Jabaliya.

LEIA: O que seremos depois de um ano de genocídio palestino

Dias antes, o jovem repórter — que trabalhava como freelancer para Al JazeeraAnadolu e outras redes — denunciou ameaças do exército israelense, via WhatsApp e telefonemas, para que deixasse de documentar o genocídio de seu povo.

O assassinato coincide com denúncias de que Israel ataca deliberadamente profissionais de imprensa a fim de encobrir seus crimes em Gaza.

A ong palestina Addameer, neste mesmo contexto, reportou ao menos 108 trabalhadores de imprensa detidos por Israel, no exercício de sua função, em Gaza e na Cisjordânia. Ao menos 58 continuam em custódia, incluindo seis mulheres e 22 jornalistas de Gaza, cuja identidade e paradeiro permanecem vagos.

Segundo o relato, dezesseis destes continuam encarcerados sob detenção administrativa — herança da colonização britânica sob a qual Israel aprisiona palestinos sem julgamento ou sequer acusação, por períodos indeterminados.

Estima-se que mais de nove mil ordens de detenção administrativa foram emitidas por Tel Aviv nos territórios ocupados desde outubro último, entre novos mandados e renovações, incluindo contra crianças e mulheres.

Em Gaza, os ataques indiscriminados de Israel deixaram aproximadamente 42 mil mortos e 97 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados sob cerco absoluto — sem água, comida ou medicamentos.

LEIA: Palavras matam: por que Israel escapa impune de assassinato em Gaza e no Líbano

Na Cisjordânia ocupada, pogroms coloniais e incursões militares israelenses deixaram ao menos 700 mortos, 2.700 feridos e cerca de dez mil presos políticos, em uma campanha de prisões em massa que dobrou a população carcerária palestina.

As ações de Israel seguem em desacato a uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

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