O governo da Nicarágua anunciou nesta sexta-feira (11) romper as relações diplomáticas com Israel, somando-se a uma recente mobilização global contra a guerra em Gaza que levou o Estado ocupante a um isolamento sem precedentes.
Rosario Murillo, vice-presidente e primeira-dama da Nicarágua, reportou a medida à mídia estatal, após o Congresso deferir uma moção por ações efetivas, em resposta ao primeiro aniversário da crise, na segunda-feira, 7 de outubro.
De acordo com Murillo, o presidente Daniel Ortega instruiu o governo a “romper relações diplomáticas com o governo fascista e genocida de Israel”.
O anúncio tem importância simbólica, dado que Tel Aviv não mantém um embaixador em Managua e relações entre os países são quase não-existentes.
Ainda assim, demonstra crise de relações públicas do Estado israelense, sob pressão por cessar-fogo em Gaza e desescalada no Oriente Médio, sobretudo em meio a apreensões de propagação da guerra após deflagrar sua invasão ao Líbano.
LEIA: ‘Genocídio mais horrível desde Hitler’: América Latina reage a massacres em Rafah
Para o governo nicaraguense, a escalada ameaça também Síria, Iêmen e Irã.
Na América Latina, países como Brasil, Colômbia e Chile têm se mostrado eloquentes em sua oposição à guerra.
A Colômbia, do presidente Gustavo Petro, rompeu laços diplomáticos, baniu contratos de carvão e suspendeu a compra de armamentos de Israel — um aspecto histórico da relação entre Bogotá e o Estado colonial.
O Chile de Gabriel Boric — com a maior comunidade palestina fora do Oriente Médio — e o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva — declarado persona non grata por Tel Aviv —, porém, procrastinam ainda a ruptura de relações.
Ainda em outubro passado, a Bolívia do presidente Luís Arce assumiu a frente, ao romper relações com Israel.
A Nicarágua, de sua parte, encaminhou uma denúncia ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, contra a cumplicidade da Alemanha na exportação de armas ao Estado israelense. A queixa, no entanto, foi indeferida.
Outro processo, todavia, corre na corte, com o apoio de Chile, Colômbia e Brasil: a queixa sul-africana de que Israel comete genocídio em Gaza; esta, deferida em janeiro.
Em Gaza, após um ano, são 42 mil mortos, 98 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco militar absoluto — sem comida, água ou medicamentos.
A ofensiva israelense segue em desacato de uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança e determinações de Haia por desescalada e fluxo humanitário, assim como reiteradas denúncias na Assembleia Geral.
LEIA: Após um ano de genocídio, a beligerância de Israel pode ser sua ruína