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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Gaza é como o Japão pós-bombas nucleares, diz vencedor do Nobel da Paz

Protesto pró-Palestina em Tóquio, no primeiro aniversário do genocídio em Gaza, em 7 de outubro de 2024 [David Mareuil/Agência Anadolu]

A catástrofe na Faixa de Gaza é semelhante ao Japão nos anos que sucederam a Segunda Guerra Mundial, comentou Toshiyuki Mimaki, copresidente do Nihon Hidankyo, grupo de sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki que venceu o Prêmio Nobel da Paz deste ano.

“Em Gaza, crianças sangram até morrer enquanto são seguradas por seus pais. É como o Japão 80 atrás”, reiterou Mimaki, em coletiva de imprensa realizada em Tóquio. “Crianças em Hiroshima e Nagasaki perderam seus pais na guerra e suas mães nos bombardeios — tornaram-se órfãs”.

“As pessoas querem a paz”, reafirmou. “Mas os políticos insistem na guerra. Dizem, ‘não vamos parar até vencer’. Penso que é o que acontece na Rússia e em Israel e sempre me perguntei onde é que estaria a ONU para parar tudo isso?”

Mimaki — hibakusha, ou sobrevivente da bomba, de 82 anos de idade, exposto à radiação em Nagasaki aos três anos de idade — advertiu que armas, sobretudo nucleares, não são capazes de trazer a paz.

“Disseram que por causa das armas nucleares, o mundo manteve a paz, mas podem ser usadas por terroristas”, acrescentou. “Caso a Rússia as use na Ucrânia ou Israel em Gaza, certamente não vai parar aí”.

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Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram a primeira bomba atômica contra a cidade japonesa de Hiroshima, deixando ao menos 140 mil mortos, além de centenas de milhares de feridos e vítimas da radiação que sentem os efeitos após décadas.

Três dias depois, o exército americano lançou a segunda bomba, em Nagasaki, com mais 70 mil vítimas fatais.

Em agosto, ambas as datas nacionais no Japão foram marcadas por protestos em apoio a Gaza e ao povo palestino, inclusive próximos à embaixada israelense em Tóquio. Em uma ação pioneira, o município de Nagasaki revogou o convite a oficiais israelense aos eventos de paz em memória da catástrofe.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há um ano, com ao menos 42 mil mortos, 98 mil feridos e dois milhões de desabrigados. A revista científica The Lancet estimou, em julho, que o número de mortos em Gaza poderia chegar a 186 mil pessoas.

Conforme estimativas, Israel disparou o equivalente a seis bombas atômicas contra Gaza apenas entre outubro e julho, comparado aos quilotons de Hiroshima e Nagasaki.

As ações israelenses seguem em desacato a uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, onde o Estado colonial é réu por genocídio.

Neste entremeio, membros do governo em Tel Aviv ameaçaram disparos atômicos contra Gaza e outros países — incluindo Líbano e Irã — em mais de uma ocasião.

O Nihon Hidankyo — ou Confederação Japonesa das Organizações de Vítimas de Bombas A e H — foi fundado em 1956, como uma voz aos sobreviventes, ao divulgar testemunhos sobre os horrores da guerra nuclear, a fim de aboli-las definitivamente.

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