Ahmed Aboul Gheit, secretário-geral da Liga Árabe, reconheceu que o Egito perdeu cerca de US$6 bilhões em recursos do Canal de Suez como resultado do embargo posto no Mar Vermelho pelo grupo iemenita houthi, no contexto do genocídio israelense em Gaza.
Em entrevista à televisão egípcia, neste domingo (13), Aboul Gheit reportou que as perdas também atingiram Arábia Saudita e Sudão — este também em guerra desde abril de 2023. Para Aboul Gheit, o Oriente Médio é uma “panela de pressão”.
O político egípcio alertou que o Irã tem capacidades militares, junto a seus grupos aliados na região, e reiterou: “Teerã não vai parar enquanto houver confrontação com o Ocidente”, sobretudo no contexto da agressão israelense a Gaza e ao Líbano.
Em 1º de outubro, o Irã disparou uma bateria de mísseis contra Israel pela segunda vez na história — a primeira em abril —, em resposta a uma campanha de assassinatos políticos por Tel Aviv e à invasão israelense ao Líbano.
Israel prometeu retaliar, ao coordenar sistemas de defesa junto aos Estados Unidos.
A escalada coincidiu com o primeiro aniversário do genocídio em Gaza, com ao menos 42 mil mortos, 98 mil feridos e dois milhões de desabrigados. No Líbano, são 2.100 mortos e dez mil feridos, além de 1.2 milhão de deslocados à força.
Em solidariedade a Gaza, o grupo houthi — ligado a Teerã, que governa o Iêmen — lançou em novembro um embargo de facto à navegação no Mar Vermelho, no Golfo de Aden e no estreito de Bab al-Mandab, contra navios ligados a Israel.
Desde então, corporações decidiram reorientar suas cargas à rota mais extensa e onerosa do Cabo da Boa Esperança, ao redor do continente africano.
As medidas decorreram em prejuízo histórico a Israel e Egito — cujo regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi é parceiro do cerco militar contra Gaza que culminou, após 17 anos, nas ações transfronteiriças do Hamas em 7 de outubro.
Em defesa de Israel, Estados Unidos e Grã-Bretanha bombardearam o Iêmen.
A campanha israelense seguem em desacato de uma resolução por cessar-fogo em Gaza do Conselho de Segurança e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, onde o Estado ocupante é réu por genocídio sob denúncia sul-africana, deferida em janeiro.
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