Iraque alerta para crise enérgica global em caso de guerra regional

Ministro de Relações Exteriores do Iraque, Fuad Hussein, em Bagdá, em 6 de fevereiro de 2024 [Murtadha J. A. al-Sudani/Agência Anadolu]

O ministro de Relações Exteriores do Iraque, Fuad Hussein, advertiu no domingo (13) para a possibilidade de uma crise energética global caso a campanha israelense em Gaza e no Líbano evolua a uma deflagração em toda a região.

“A continuidade da guerra e sua expansão rumo à República Islâmica do Irã — incluindo a violação do espaço aéreo iraquiano — é absolutamente inaceitável”, afirmou o chanceler em coletiva de imprensa com seu homólogo iraniano Abbas Araghchi, em Bagdá.

Para Hussein, seu país, no entanto, deseja permanecer alheio a conflitos regionais.

De sua parte, Aragchi reconheceu que a região enfrenta graves desafios diante das ações de Israel, com risco de arrastar a região a um conflito amplo.

“Mantemos consultas com nossos amigos para cessar a agressão israelense no Líbano e em Gaza”, destacou o ministro iraniano. “Teerã não quer a guerra ou uma escalada, mas sim a paz na região”.

“Fico contente em ouvir do ministro iraquiano sobre a postura de seu país em não permitir a violação de seu espaço aéreo para atacar o Irã”, prosseguiu Araghchi, ao notar ameaças de uma tréplica israelense contra seu país.

Em 1º de outubro, o Irã disparou uma bateria de mísseis contra Israel pela segunda vez na história — a primeira em abril —, em resposta a uma campanha de assassinatos políticos e à invasão israelense ao Líbano, na manhã do mesmo dia.

Desde então, Aragchi e outros oficiais iranianos, como o presidente Masoud Pezeshkian, veem transitando pela região para elucidar sua posição. O governo em Teerã insiste “não querer a guerra”, adotar comedimento e recorrer a ações de “autodefesa”.

Araghchi chegou a Bagdá neste fim de semana para consultas bilaterais sobre a região.

Israel mantém ataques indiscriminados contra a Faixa de Gaza há 12 meses, com mais de 42 mil mortos, 98 mil feridos e dois milhões de desabrigados. No Líbano, são em torno de 2.100 mortos, dez mil feridos e 1.2 milhão de desabrigados.

Israel mantém também ataques esporádicos em fronts esparsos, incluindo Síria, Iraque e Iêmen. Em 31 de julho, atacou Teerã para executar o líder político do movimento palestino Hamas, Ismail Haniyeh, que estava na cidade para a posse de Pezeshkian.

As ações de Israel seguem em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança por cessar-fogo e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

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