O ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, confirmou nesta segunda-feira (14) a suspensão das negociações mediadas por Omã com os Estados Unidos sobre um eventual retorno ao acordo nuclear, ao citar e tensões regionais.
“O processo de Mascate está suspenso devido às circunstâncias únicas na região”, disse o chanceler. “Hoje, não vemos base para as conversas. Assim que conseguirmos superar as crises em curso, decidiremos seguir ou não com o trabalho”.
Em maio, Irã e Estados Unidos realizaram uma rodada de negociações indireta, no intuito de conter maiores escaladas — contudo, sem êxito.
O acordo nuclear iraniano, assinado em 2015 pelo presidente americano Barack Obama, previa mitigação das sanções em troca de limites de enriquecimento de urânio. Contudo, foi revogado unilateralmente, três anos depois, por Donald Trump, e jamais retomado por Biden, apesar de promessas de campanha.
Tensões se agravaram após Israel conduzir assassinatos na região, em meio ao genocídio em Gaza, incluindo comandantes iranianos na Síria e no Líbano.
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Em 1º de outubro, o Irã disparou uma bateria de mísseis contra Israel pela segunda vez na história — a primeira em abril — em resposta a ataques israelenses que mataram o chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, em 31 de julho, e o líder do grupo Hezbollah, Hassan Nasrallah, em Beirute, em 27 de setembro.
A ação sucedeu em poucas horas a invasão terrestre do exército israelense ao Líbano, às vésperas do primeiro aniversário da catástrofe em Gaza, com 43 mil mortos, 99 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Apesar de alegar “preocupação” e de uma crise interna em meio à campanha eleitoral, o governo dos Estados Unidos de Joe Biden mantém seu apoio “inabalável” a Israel.
Teerã afirma “querer a paz”, mas insiste no direito de “se defender”. Analistas alertam que apenas um cessar-fogo em Gaza pode impedir uma deflagração regional.
Os avanços de Israel seguem em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.
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