O Departamento de Cuidados Primários da Sociedade do Crescente Vermelho palestino, em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), lançou nesta segunda-feira (14) a segunda fase de vacinação contra a poliomielite na Faixa de Gaza.
A campanha busca imunizar crianças com menos de dez anos na região central, a fim de protegê-las de doenças que se disseminaram no enclave, em meio ao colapso de saúde e à destruição da infraestrutura sanitária, devido ao cerco e aos ataques de Israel.
A campanha em curso tem previsão de três dias, com possibilidade de expandir o prazo a um dia adicional, caso necessário, ao incluir as clínicas de Deir al-Balah, Al-Zawaideh, Al-Sawarah, Al-Bassa e Al-Nuseirat.
Além do imunizante, suplementos de vitamina A serão fornecidos às crianças, no objetivo de melhorar sua imunidade sob as difíceis condições de saúde no enclave.
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A meta, segundo a OMS, é imunizar 591.500 crianças, com a segunda dose da vacina oral. A primeira rodada foi implementada entre 1º e 12 de setembro, mediante tréguas de três dias cada no centro, sul e norte de Gaza, atingindo 95% do público-alvo.
A segunda fase segue a estratégia, embora sem confirmação do cessar-fogo escalonado por parte de Israel, que vem intensificando suas operações na região norte.
“Equipes de vacinação devem ser protegidas e poder conduzir suas ações em segurança. Instamos todas as partes a garantir proteção das equipes, assim como das instalações de saúde e das crianças”, reiterou a OMS.
A campanha sucede o diagnóstico de um bebê de dez meses de idade com poliovírus tipo 2, cujo caso registrou paralisia nas pernas, em agosto. Trata-se do primeiro caso de pólio na Palestina em mais de 25 anos.
A vítima não foi imunizada devido ao cerco israelense — sem comida, água, combustível ou insumos de sáude.
A cobertura vacinal contra pólio nos territórios palestinos é notavelmente alta, com 99% em 2022 — no entanto, registrou queda a 89% no final de 2023.
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Casos de hepatite A, difteria e gastroenterite também atingem a população.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há um ano, com ao menos 42 mil mortos, 98 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Os avanços de Israel seguem em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.