Francesca Albanese, relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos ocupados, denunciou e reivindicou explicações do governo alemão após a ministra de Relações Exteriores, Annalena Baerbock defender os ataques de Israel contra civis em Gaza e no Líbano.
A declaração de Baerbock, nesta semana, coincidiu com novos ataques israelenses a um campo improvisado de deslocados em Gaza ao redor de um hospital — cujas imagens de vítimas queimadas vivas viralizaram online, levando observadores a retomar a expressão “Holocausto” para se referir ao genocídio em Gaza.
Segundo Albanese, a declaração da chanceler pode implicar repercussões legais a Berlim por seu apoio a crimes internacionais.
Em pronunciamento ao parlamento alemão, Baerbock alegou que “lugares civis” perdem “seu status protegido pelo abuso de terroristas [sic]” — argumento sem base nas normas e leis do direito internacional.
Na rede social X (Twitter), reafirmou Albanese: “Como especialista independente da ONU, fico profundamente preocupada pela postura assumida pela Alemanha sobre Palestina e Israel, e suas implicações e consequências perigosas”.
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“A ministra deveria ser convidada a fornecer evidências do que alega”, instou Albanese, “e explicar como sua alegação de que ‘objetos civis perdem status protegido’ pode justificar os massacres cometidos por Israel em Gaza e outros lugares”.
“Se a Alemanha decidiu apoiar um Estado que comete crimes internacionais, esta é uma escolha política, mas que também têm implicações legais”, alertou a especialista. “Que a justiça prevaleça onde a política fracassou miseravelmente”.
As a UN Independent Expert, I am deeply concerned by the stance #Germany is taking on Israel/Palestine, and its dangerous implications and consequences. Minister #Baerbock should be invited to provide the evidence of what she claims, and then explain how "civilian objects… https://t.co/6B7Tw42cja
— Francesca Albanese, UN Special Rapporteur oPt (@FranceskAlbs) October 15, 2024
Na Alemanha, ativistas mantém protestos por cessar-fogo em Gaza apesar de repressão do Estado. Manifestações reúnem não apenas árabes, palestinos e descendentes, como cidadãos nativos e membros da diáspora turca e da comunidade judaica no país.
Desde a deflagração do genocídio, Berlim apela a uma distorção de sua responsabilidade pelo Holocausto nazista para defender os crimes de Israel, incluindo ao projetar práticas de antissemitismo aos palestinos, ao expulsá-los de algumas universidades ou negar sua cidadania, descrevendo-os como “apátridas”.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro último, com 43 mil mortos, 99 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Os avanços de Israel seguem em desacato a uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.
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