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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Especialista da ONU denuncia Alemanha por defender crimes de Israel

Francesca Albanese, relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos ocupados, em Ariano Irpino, na Itália, em 3 de janeiro de 2024 [Ivan Romano/Getty Images]

Francesca Albanese, relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos ocupados, denunciou e reivindicou explicações do governo alemão após a ministra de Relações Exteriores, Annalena Baerbock defender os ataques de Israel contra civis em Gaza e no Líbano.

A declaração de Baerbock, nesta semana, coincidiu com novos ataques israelenses a um campo improvisado de deslocados em Gaza ao redor de um hospital — cujas imagens de vítimas queimadas vivas viralizaram online, levando observadores a retomar a expressão “Holocausto” para se referir ao genocídio em Gaza.

Segundo Albanese, a declaração da chanceler pode implicar repercussões legais a Berlim por seu apoio a crimes internacionais.

Em pronunciamento ao parlamento alemão, Baerbock alegou que “lugares civis” perdem “seu status protegido pelo abuso de terroristas [sic]” — argumento sem base nas normas e leis do direito internacional.

Na rede social X (Twitter), reafirmou Albanese: “Como especialista independente da ONU, fico profundamente preocupada pela postura assumida pela Alemanha sobre Palestina e Israel, e suas implicações e consequências perigosas”.

LEIA: Alemanha reforça envio de armas a Israel, após um ano de genocídio em Gaza

“A ministra deveria ser convidada a fornecer evidências do que alega”, instou Albanese, “e explicar como sua alegação de que ‘objetos civis perdem status protegido’ pode justificar os massacres cometidos por Israel em Gaza e outros lugares”.

“Se a Alemanha decidiu apoiar um Estado que comete crimes internacionais, esta é uma escolha política, mas que também têm implicações legais”, alertou a especialista. “Que a justiça prevaleça onde a política fracassou miseravelmente”.

Na Alemanha, ativistas mantém protestos por cessar-fogo em Gaza apesar de repressão do Estado. Manifestações reúnem não apenas árabes, palestinos e descendentes, como cidadãos nativos e membros da diáspora turca e da comunidade judaica no país.

Desde a deflagração do genocídio, Berlim apela a uma distorção de sua responsabilidade pelo Holocausto nazista para defender os crimes de Israel, incluindo ao projetar práticas de antissemitismo aos palestinos, ao expulsá-los de algumas universidades ou negar sua cidadania, descrevendo-os como “apátridas”.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro último, com 43 mil mortos, 99 mil feridos e dois milhões de desabrigados.

Os avanços de Israel seguem em desacato a uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

LEIA: Ensaio sobre genocídios e genocidas

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