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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

‘É assim que morre um herói’, dizem palestinos sobre Sinwar, morto em combate

Retrato de Yahya Sinwar, líder do movimento palestino Hamas, em Teerã, capital do Irã, 13 de agosto de 2024 [Fatemeh Bahrami/Agência Anadolu]

O grupo palestino confirmou nesta sexta-feira (18) a morte de seu líder, Yahya Sinwar, em combate “até seu último suspiro”, na Faixa de Gaza.

Na quinta-feira (17), Israel havia anunciado a morte de Sinwar em uma troca de tiros com forças da ocupação, na província de Rafah, no sul de Gaza, no dia anterior.

Mais tarde, divulgou imagens de drone de seus últimos instantes: em um apartamento em ruínas, Sinwar está ferido, com um lenço palestino (keffieyh) sobre a cabeça; com apenas um braço, atira um pedaço de escombro contra o aparato controlado remotamente.

Apesar dos esforços da propaganda de guerra israelense em representá-lo como um líder “terrorista” que se escondia em túneis, supostamente cercado de reféns, as imagens da morte em combate do líder palestino pareceram dar novo fôlego aos palestinos de Gaza, sob violento genocídio.

Para um pai de Gaza, a morte em batalha de Yahya Sinwar é “como um herói morre”; para muitos de seus conterrâneos, é um exemplo a futuras gerações, apesar do sofrimento em meio à agressão de Israel.

“Sinwar morreu em um colete militar, lutando com um rifle e granadas. Quando foi ferido, enquanto sangrava, continuou lutando mesmo que com um graveto. É assim que morrem os heróis”, declarou Adel Rajab, de 60 anos, pai de dois, à agência Reuters.

“Eu vi o vídeo 30 vezes desde a noite passada e não tem forma melhor de morrer”, reiterou Ali, taxista de 30 anos de Gaza.

“Farei deste vídeo uma lição de casa para meus filhos e meus netos”, prosseguiu Adel.

Sinwar é visto como a “mente por trás” da ação transfronteiriça do Hamas contra Israel de 7 de outubro de 2023, que capturou colonos e soldados. Tel Aviv alega que 1.200 pessoas foram mortas na ocasião, além de supostas atrocidades desmentidas desde então.

LEIA: Matar líderes da resistência não matará a vontade ou o direito de resistir à ocupação de Israel

A campanha de desinformação foi então utilizada como prerrogativa para o genocídio que se sucedeu em Gaza, com 43 mil mortos e 99 mil feridos.

A operação, denominada “Tempestade de Al-Aqsa”, tornou-se um ponto de inflexão para a ocupação e colonização israelense na Palestina, ao deflagrar uma crise de diplomacia e relações públicas sem precedentes a Israel, além de descarrilar planos de normalização com regimes árabes da região.

As próprias palavras de Sinwar em diversos discursos, nos quais insistia que morreria nas mãos de Israel em vez de em um acidente de carro ou por um infarto, tornaram-se ponto em comum nos obituários online.

“O melhor presente que o inimigo pode me dar é me assassinar e me tornar um mártir em suas mãos”, disse Sinwar em certa instância.

Agora, muitos palestinos se questionam se Israel pode se arrepender de permitir que seu desejo se tornasse realidade, em particular, ao transmitir imagens de um “herói” capaz de inspirar a resistência entre as gerações mais jovens”.

“Disseram que ele se escondia nos túneis. Disseram que ele mantinha os reféns em volta dele para salvar sua vida. O que vimos ontem é que ele estava lutando contra os soldados de Israel em Rafah”, no sul de Gaza, reiterou Rasha, deslocada de 42 anos, mãe de quatro filhos. “É assim que se vão os líderes, lutando. Hoje, tenho orgulho dele como mártir”.

Em setembro, à véspera do primeiro aniversário do genocídio, uma pesquisa mostrou que a maioria dos cidadãos de Gaza via a operação atribuída a Sinwar como um possível erro. Os números, no entanto, devem mudar.

Adel, que saudou a morte como “heroica”, lembra não ter apoiado as ações de outubro, à medida que seu povo não estava preparado para uma guerra com Israel. Agora, reafirma:

“Sua morte, no entanto, me deu orgulho de ser palestino”.

Tanto em Gaza quanto na Cisjordânia — onde o Hamas tem presença limitada, mas onde os ataques coloniais alimentaram uma nova onda de resistência orgânica —, as pessoas se perguntam se a morte de Sinwar dissuadirá Israel de seus avanços, muito embora sem grandes esperanças.

Para Murad Omar, de 54 anos, da cidade de Ramallah, não haverá mudanças: “A violência vai continuar e não veremos isso acabar tão cedo”.

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