A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) reiterou nesta sexta-feira (18) sofrer sucessivos ataques “deliberados” por forças de Israel nas últimas semanas, ao notar seus esforços para ajudar civis nas aldeias próximas à fronteira.
As informações são da agência de notícias Reuters.
A missão permanece no sul do Líbano, destacou a nota, a fim de monitorar hostilidades e prover assistência à população.
Na semana passada, dois soldados de paz foram feridos por um ataque israelense a uma torre de vigilância, levando a condenação de alguns dos 50 países que enviam soldados à agência, com contingente de dez mil pessoas.
“Fomos atacados diversas vezes, ao menos cinco vezes sob ataque deliberado”, destacou Andrea Tenenti, porta-voz da Unifil, por videoconferência em Beirute. “Penso que o papel da Unifil no momento é mais importante do que nunca. Temos de estar aqui”.
Lideranças de Israel se voltaram à missão das Nações Unidas sob alegações costumeiras de servem de “escudo humano” a combatentes do Hezbollah, ao ordenar a missão de paz a deixar a região, apesar de seu mandato internacional.
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Tenenti desmentiu a negativa do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de que as ações são deliberadas, ao notar que, em um dos ataques, forças ocupantes invadiram uma base da ONU e permaneceram no local por 45 minutos.
Questionado se a Unifil consideraria a possibilidade de se defender contra Israel, Tenenti reconheceu a opção, mas insistiu em esforços para “reduzir tensões”.
Tenenti expressou apreensão, sobretudo, sobre os civis que continuam no sul do Líbano, sem acesso devido de trabalhadores humanitários devido aos bombardeios em curso por parte de Israel.
“A devastação e destruição de muitas aldeias ao longo da Linha Azul [fronteira], e mesmo além, é chocante”, enfatizou.
Sobre o uso israelense de armas químicas, Tenenti advertiu que uma investigação, meses atrás, identificou traços de fósforo branco — substância proibida que causa queimaduras graves e danos ambientais — próximos a uma base das Nações Unidas.
O Conselho de Segurança está ciente do caso, reafirmou.
Israel mantém ataques intensivos ao Líbano desde 23 de setembro. No total, são mais de 2.300 mortos e dez mil feridos, além de 1.3 milhão de deslocados à força.
A crise coincide com o primeiro aniversário do genocídio em Gaza, desde 7 de outubro de 2023, com 43 mil mortos, 99 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
As ações de Israel seguem em desacato a uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sem Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.
Há receios de propagação da guerra e repetição das violações em Gaza em solo libanês.
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