O exército da ocupação israelense matou ao menos 165 crianças na Cisjordânia ao longo do último ano, reportou na quarta-feira (23) o Alto-Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas.
As informações são da agência Al Jazeera.
Dentre os mortos, destacou a agência da ONU, ao menos 36 por ataques aéreos e 129 por disparos de munição real — “a maioria, na cabeça ou no torso”.
Na terça-feira (22), soldados israelenses executaram Abdullah Jamal Hawash, de apenas 11 anos de idade, com um tiro no peito, após a criança atirar uma pedra contra um veículo blindado das forças coloniais em Nablus.
A execução à queima-roupa, contra o menino, foi confirmada pelo Ministério da Saúde da Autoridade Palestina (AP).
O Alto-Comissariado da ONU reiterou ainda que Hawash não impunha “qualquer ameaça real” às forças israelenses, pesadamente armadas.
Em incidente paralelo, soldados israelenses balearam um jovem de 17 anos na cidade de Hebron (Al-Khalil), também na Cisjordânia, deixando-o em estado crítico.
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Três dias antes, outro menino de 11 anos foi baleado na cabeça, no campo de refugiados de Arroub, na mesma cidade.
Operações israelenses se intensificaram nesta semana, sobretudo durante a madrugada, com invasões às cidades de Nablus e el-Bireh, além da aldeia de Deir Abu Mishal, a oeste de Ramallah, do campo de refugiados de Fawwar, a sul de Hebron, e do campo de Balata, a leste de Nablus.
Ao menos 18 palestinos — incluindo um jornalista e ex-prisioneiros — foram presos desde a noite de quarta-feira na Cisjordânia, corroborou a agência Wafa. Nove detenções foram feitas em Fawwar, junto à destruição de casas; outro cidadão foi abduzido na aldeia de al-Hadab; e outros três em Dura — ambas a sudoeste de Hebron.
Segundo os relatos, ao adentrar em Fawwar, tropas israelenses usaram seus prisioneiros como escudos humanos.
As recentes detenções se somam a uma campanha sem precedentes de encarceramento em massa contra os palestinos, com um total de 11.400 presos.
Os números, corroborados pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinos, ong que monitora a matéria, demonstram que Israel dobrou a população carcerária palestina em suas celas — a maioria, sem acusação ou julgamento; reféns, por definição.
A escalada colonial de Israel em Jerusalém e na Cisjordânia — incluindo pogroms contra cidades e aldeias — coincide ainda com o genocídio em Gaza, com 42.800 mortos e cem mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.
Na Cisjordânia, são ao menos 760 mortos e 6.250 feridos desde outubro de 2023.
Israel age em desacato de uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de ordens cautelares por fluxo humanitário deferidas pelo Tribunal Internacional de Justiça, onde o Estado ocupante é réu por genocídio desde janeiro.
A mesma corte reconheceu, em julho, a ilegalidade da ocupação israelense nos territórios de 1967, incluindo Cisjordânia e Jerusalém Oriental, ao exortar imediata evacuação dos colonos e soldados e reparações aos palestinos nativos.
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