O premiado ator argentino Norman Briski, de origens judaicas, conquistou manchetes por seu discurso no tradicional Prêmio de Cinema Martín Fierro, nesta segunda-feira (21), ao declarar enfaticamente que “Gaza jamais será vencida”.
Ao ser premiado por sua carreira como diretor e dramaturgo, reiterou Briski: “Gaza, Gaza, Gaza — Gaza jamais será vencida. Gaza jamais será vencida. Pouco me importa que me aplaudam muito ou pouco, mas sinto aqui em meu sangue, em meus ancestrais, minha solidariedade a um povo que está sendo assassinado”.
Seus comentários receberam olhares de choque e alguns aplausos da plateia. Contudo, deram nova vazão à solidariedade a Gaza no atual cenário cultural e político da Argentina, sob a presidência de Javier Milei e ataques de influentes grupos sionistas à militância pró-Palestina.
Sobre a resposta, prosseguiu Briski: “Prestem atenção no que digo, pus bastante perfume para isso hoje. E, junto com aqueles que nos aplaudem, digo que há pessoas sepultadas em silêncio. Não somos a indústria do cinema; podemos, de fato, ser seus heróis”.
O Prêmio Martín Fierro, organizado pela Associação de Jornalistas de Televisão e Rádio da Argentina (APTRA), realizado em Buenos Aires, recebe seu nome do poema épico seminal da Argentina, El Gaucho Martín Fierro, de 1872.
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A ação solitária de Briski — sobretudo por raízes judaicas — soma-se a vozes que buscam reunir arte e ativismo e romper o silenciamento em suas indústrias, como nas premiações do Oscar, em março, quando Jonathan Glazer — realizador de Zona de Interesse, sobre o Holocausto; também judeu — expressou solidariedade a Gaza.
Os ataques indiscriminados de Israel ao enclave palestino seguem há um ano, com mais de 42.800 mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Israel age em desacato de uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde o Estado ocupante é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.