O exército do Irã reportou dois soldados foram mortos pelos ataques aéreos israelenses a suas bases militares, na madrugada deste sábado (26), no horário local.
Israel afirmou ter “concluído” as operações após uma série de explosões na capital Teerã, entre outras cidades, e advertiu contra uma nova retaliação. A comunidade internacional respondeu com receio, ao pedir novamente comedimento.
Os ataques ocorreram por volta das 2h00 da madrugada de sábado (22h30 GMT, na sexta-feira), sob pretexto de resposta a ataques do “Irã e de seus aliados na região”, no contexto do genocídio israelense em Gaza e da escalada no Líbano.
O Ministério de Relações Exteriores do Irã reiterou que seu país “tem o direito e o dever de se defender contra atos de agressão externa”.
Em nota, o departamento de defesa aérea iraniano informou que bases nas províncias de Ilam, Cuzestão e Teerã foram alvejadas, porém com “resposta bem-sucedida” — “apesar de danos menores em algumas áreas e do incidente estar sob investigação”.
Não indicação de sítios de petróleo ou nucleares atingidos até então.
O Irã, no entanto, notou prontidão para reagir às agressões israelenses, confirmou a rede semi-estatal Tasnim, ao mencionar fontes que afirmaram “não haver dúvida de que Israel enfrentará uma reação proporcional por suas ações”.
Conforme correspondente da Al Jazeera na capital iraniana, os ataques se concentraram nos sistemas de defesa aéreo e bases de mísseis e drones militares.
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Minutos depois das explosões, residentes relataram condições “normais” nos aeroportos internacionais de Teerã. Houve, no entanto, pausa nos voos, já retomados de acordo com a Agência de Aviação Civil do Irã.
A ofensiva parece uma tréplica aos disparos iranianos contra bases israelenses em 1º de outubro — pela segunda na história; a primeira em abril —, horas após Tel Aviv iniciar sua invasão ao território libanês, sob alegação de combater o Hezbollah.
Segundo Abas Aslani, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos para Oriente Médio, esta é a primeira vez que Israel admite realizar um ataque direto em solo iraniano. Todavia, observou o analista, Teerã minimizou o impacto e Tel Aviv exagerou seus ganhos.
“Isso sugere que … Israel pode ter sido persuadido por Washington a evitar uma guerra de larga escala na região”, elucidou Aslani. “A análise preliminar aqui em Teerã indica, quem sabe, que uma resposta séria contra Israel ainda é improvável”
Aslani reiterou, no entanto, que se deve esperar algum tipo de resposta.
A escalada sucede um ano de genocídio israelense em Gaza, com 42.847 mortos e mais de cem mil feridos, além de dois milhões de desabrigados sob cerco militar — sem água, comida, remédios ou combustível. Entre as vítimas fatais, 16.700 são crianças.
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As ações de Israel se intensificaram em franco desacato a resoluções por cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas e ordens cautelares do Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, onde é réu por genocídio desde 27 de janeiro.
No fim de setembro, Tel Aviv intensificou suas agressões ao Líbano, a partir de atentados terroristas, atribuídos ao Mossad, que detonaram aparelhos de comunicação — pagers e walkie-talkies — nas ruas do país.
Israel dispara contra zonas de influência do Irã há um ano, a fim de “dissuadir” o bloco de intervir em favor do enclave palestino. Os fronts ofensivos de Tel Aviv incluem Cisjordânia e Gaza, o Hezbollah no Líbano, os houthis no Iêmen, além de Síria e Iraque.
Diante das ameaças de lideranças israelenses e declarações cada vez mais inflamatórias contra as instituições internacionais, a crise em Gaza deflagrou receios sem precedentes, desde a Segunda Guerra Mundial, de um conflito cada vez abrangente.