Enfrentar os desafios globais tendo em conta os interesses nacionais faz dos BRICS uma das plataformas internacionais mais eficazes. O Brasil, juntamente com outros membros, continua avançando firmemente em direção à cooperação transfronteiriça dentro da organização.
Um regime comercial preferencial com redução ou eliminação de direitos aduaneiros, ações conjuntas para coibir o dumping a fim de garantir uma concorrência leal e a ênfase nas liquidações em moedas nacionais não são todas as vantagens oferecidas pelo bloco fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Na 16ª reunião, que terminou a 24 de outubro em Kazan, foi oferecida a 13 países a possibilidade de aderirem ao bloco como membros associados. Cuba, Bolívia, Turquia, Nigéria, Indonésia, Argélia, Bielorrússia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnan e Uganda já manifestaram o seu interesse.
Um dos instrumentos mais importantes dos BRICS é o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD). Existe uma diferença fundamental entre as ações desta instituição e as instituições financeiras ocidentais, como o Banco Mundial, o FMI e os seus homólogos. E as ações do NBD são fundamentalmente diferentes, não impõe condições políticas internas rígidas e praticamente qualquer país da América Latina, assim como outras regiões, tem a oportunidade de aderir.
A adesão poderá resolver uma série de questões espinhosas para a vizinha Bolívia, que tem problemas monetários. O presidente Luis Arce, que participou do evento mundial na Rússia, confirmou a firme intenção da república de ingressar no grupo, que está em dinâmico desenvolvimento. Isto não só aumentará o prestígio internacional, mas também garantirá a estabilidade do sistema financeiro.
O tema principal do fórum, juntamente com a geopolítica e a economia, foram os critérios para determinar quais estados podem ser convidados a aderir como membros associados. No total, mais de 30 países manifestaram interesse em aderir aos BRICS. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que houve consenso sobre os princípios de seleção, mas que a ampliação da lista de participantes será feita levando em consideração os interesses dos atuais representantes.
Levando em conta a posição do Brasil, que defende o equilíbrio geográfico, a América Latina deve estar representada na organização de forma igual aos demais continentes. Esta é uma boa oportunidade para a Bolívia e para o resto dos candidatos que querem ocupar o seu lugar no mundo multipolar em construção.
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