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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Knesset aprova lei para banir agência humanitária da ONU como ‘terrorista’

Sessão do parlamento de Israel (Knesset), em Jerusalém ocupada, 30 de junho de 2022 [Menahem Kahana/AFP via Getty Images]

Durante a sessão de abertura do último trimestre, nesta segunda-feira (28), o parlamento de Israel (Knesset), uma lei para banir e criminalizar as atividades da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), que presta serviços essenciais a cerca de 6 milhões de palestinos na região.

Após o voto, o Knesset confirmou em nota que “o projeto de lei submetido pelo deputado Boaz Bismuth, que instaura precedente para interromper atividades da UNRWA no Estado de Israel, foi aprovada na segunda e terceira leituras no plenário — passando a integrar o código legal do Estado de Israel [sic]”.

Noventa e dois dos 120 membros do Knesset votaram favoravelmente à criminalização da agência da ONU, com apenas dez votos contrários.

A legislação determina que a “UNRWA não terá escritório de representação, ou fornecerá qualquer serviço, tampouco conduzirá qualquer atividade, direta ou indireta, no território soberano do Estado de Israel [sic]”.

A lei se aplica, a princípio, às terras palestinas ocupadas em 1948, durante a Nakba — ou “catástrofe” —, via limpeza étnica, quando foi criado o Estado colonial sionista.

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Os deputados votaram também para designar a UNRWA como “organização terrorista”, ao banir efetivamente qualquer interação entre a agência humanitária das Nações Unidas e o regime de apartheid.

Ao entrar em vigor, com prazo de 90 dias, a lei deve culminar no fechamento do escritório da UNRWA em Jerusalém Oriental e, na prática, impedir o envio de socorro humanitário à Faixa de Gaza sitiada e à Cisjordânia ocupada.

Em resposta, advertiu o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini: “Este voto contra a UNRWA estabelece um precedente perigoso, se opõe à Carta da ONU e viola os deveres de Israel para com a lei internacional”.

“Leis como essa apenas agravam o sofrimento dos palestinos, sobretudo em Gaza, onde as pessoas estão vivem mais de um ano um verdadeiro inferno”, reiterou Lazzarini. “Além disso, privará mais de 650 mil meninos e meninas de sua educação, ao pôr em risco toda uma geração de crianças”.

O Centro de Direitos Humanos Adalah alertou em carta aberta, encaminhada ao governo de Israel, que a criminalização da UNRWA viola a lei e as convenções internacionais, além de prejudicar serviços básicos fornecidos aos refugiados palestinos.

Israel tenta fechar a UNRWA há décadas, sob a prerrogativa de que encerraria, em termos da comunidade internacional, a questão dos refugiados, que possuem direito legítimo de retorno a suas terras ancestrais — incluindo o território de 1948.

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No contexto do genocídio em Gaza — com 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados —, Israel avançou em uma campanha de difamação contra a UNRWA, ao acusar, sem provas, treze dos 30 mil funcionários da agência de participar das operações transfronteiriças do Hamas de 7 de outubro, que capturaram colonos e soldados.

Investigações independentes das Nações Unidas não encontraram evidências, porém, às alegações de Israel.

Ataques às instituições internacionais, no entanto, seguem, com a declaração de António Guterrres, secretário-geral das Nações Unidas, como persona non grata por Tel Aviv, além de pressão, ameaças e intimidação a membros do Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, onde o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, tem um mandado de prisão solicitado pela promotoria.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

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