Uma mensagem aos judeus que conheço e a todos aqueles que conhecem a verdade

É hora de revelarmos quem somos. Há ainda grupos judaicos da chamada esquerda sionista no Ocidente que até alegam estar do lado da justiça do povo palestino. Militantes como estes costumam oscilar entre a proposição de um regime colonial sionista, disfarçado de pacífico, a uma liberação condicionada — e insignificante — de parte da Palestina.

Digo a todos eles: Não podemos continuar dançando em cima do muro. Ou se cai de um lado, ou se cai do outro. Declarem quem são, a quem pertence sua lealdade.

Não existe meio apartheid, ou “ocupação humana” — como parte da máquina de propaganda chega a dizer —; não existe comprometimento entre o assassino e sua vítima; não existe matança ou destruição justificadas.

Não se escondam sob slogans como “igualdade” ou “democracia”. Parecem, hoje, o mesmo frasco para o mesmo veneno.

Não existe direito de “autodefesa” do ocupante e do assassino. Autodefesa não é o direito daquele que vem do além-mar para saquear e estuprar. Autodefesa é o direito da população dos países de se protegerem contra invasores.

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Não existe humanidade alguma em dizer: matem crianças, mas não muito; matem as pessoas de fome, mas não todas; deixem-nas em gaiolas, mas com uma janela distante; destruam hospitais, mas lhe deem alguns emplastros.

Não é possível barganhar com o quanto de terra é razoável roubar de um povo ancestral — seja metade ou um pouquinho mais. Não preguem pela “solução de dois Estados”, enquanto a carne mais barata do mercado é a carne palestina.

Não culpem “ambos os lados”, ao encobrir o assassino por trás da vítima.

Não é possível oferecer a uma população em cativeiro uma liberdade facciosa, para que falem ou mesmo respirem sob os ditames de seus sequestradores — e, como se não bastasse, esperar aplausos.

Se você tem “direito” à cidadania israelense, não viva nas terras consideradas Israel, cujos donos ancestrais vivem hoje em campos de refugiados. Se é um cidadão israelense, tenha ao menos a decência de não explorar o trabalhador desesperado da Cisjordânia para cultivar, em seu favor, o campo que você mesmo roubou de sua família. Ao contrário, devolva-lhe o patrimônio.

Se você é um israelense em Sderot, vivendo nas terras da aldeia de Nejd, cujos residentes de gerações são refugiados em Gaza, a cerca de três quilômetros de distância, sinto muito — mas não dá para se queixar que jogam canos de cozinha contra vocês. É a forma como eles dizem: ainda estamos aqui e não desistimos de nossos direitos.

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Se você é um colono europeu que chegou às nossas praias no navio de um contrabandista, para matar, destruir, saquear e pilhar, sinto dizer — mas você é um covarde. Você está lutando contra as pessoas erradas, deixando de lutar contra quem verdadeiramente o perseguiu. Não é razoável que viajem a outro país para matar pessoas que você sequer conhece e que jamais lhe fizeram algum mal.

Seja como os palestinos: lutem contra o agressor, o ocupante, o assassino — com todas as suas forças.

Se você não é um cidadão ativo na causa por justiça, quem sabe, provê cobertura a um banco de homicidas.

Lembrem-se que a história dos judeus pode não ser, a partir de agora, lembrada pela perseguição cristã ou as atrocidades nazistas, mas sim pelos crimes bárbaros e persistentes cometidos em seu nome pelo Estado de Israel contra o povo palestino, que — sabemos — é um genocídio que corre há mais de 27.700 dias.

Este é um duro fardo para retirar de seus ombros, mas a única forma de fazê-lo é estar incondicionalmente ao lado dos direitos palestinos.

Seus bons pensamentos, seu conceito dormente de justiça — às vezes eloquente; frequentemente silencioso — ajuda nada mais que o assassino.

Se temos realmente alguma humanidade, que mostremos nossas cores: que nos juntemos todos, lado a lado, em favor da resistência legítima do povo palestino para lutar contra aqueles que o agridem e expropriam há décadas.

Esta é a única forma de reaver justiça.

A prova de fogo à nossa humanidade está clara diante de nós: o pleno e inabalável respeito ao Direito de Retorno do povo palestino, via reparação histórica, compensação e indenização — seja aos danos individuais ou coletivos; materiais ou não.

Todo o resto, sinto muito — é mentira.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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