Israel emitiu 9.500 ordens de detenção administrativa em um ano, alertam entidades

Israel intensificou a emissão de mandados de detenção administrativa desde outubro de 2023, como punição coletiva contra os palestinos, reportaram em comunicado conjunto a Comissão de Assuntos dos Prisioneiros e ex-Prisioneiros da Autoridade Palestina (AP) e a ong Sociedade dos Prisioneiros Palestinos, nesta quarta-feira (30).

Conforme a nota, em um ano, são quase 9.500 ordens de detenção administrativa — sem julgamento ou sequer acusação, por períodos de seis meses, com possibilidade de serem renovados indeterminadamente.

“O enorme aumento no número de prisioneiros sob detenção administrativa se associa às campanhas de prisão na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém, com mais de 11.500 detidos em todos os nichos da sociedade”, declararam as organizações.

“As agências da ocupação recentemente intensificaram ainda o número de transferências a detenção administrativa de prisioneiros que cumpriram suas sentenças, além de ordens de detenção administrativa a prisioneiros libertados sob fiança, condições específicas ou mesmo sem quaisquer condições legais”, acrescentou a nota.

A detenção administrativa — herança da colonização britânica na Palestina, adotada pelo regime de apartheid de Israel — representa uma estrutura fundamental dos crimes e das violações da ocupação israelense.

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Segundo dados recentes, há ao menos 3.398 prisioneiros em detenção administrativa nas cadeias de Israel — reféns, por definição — dentro de uma população carcerária de mais de 10.100 palestinos, incluindo 30 mil mulheres e mais de 90 crianças, entre as quais um menino de apenas 14 anos de idade.

“A proporção de prisioneiros em detenção administrativa nas cadeias da ocupação chega a 33% do total de prisioneiros e detidos”, concluiu o comunicado.

As condições nas cadeias de Israel seguem ainda cada vez mais abusivas, incluindo falta de alimentos, negligência médica, tortura e mesmo violência sexual.

Há também um número desconhecido de prisioneiros capturados em Gaza, no contexto do genocídio israelense contra o enclave desde outubro do ano último, com 43 mil mortos e cem mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, a escalada colonial — incluindo pogroms contra cidades e aldeias — deixou ao menos 760 mortos e 6.250 feridos.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

A mesma corte, em julho, admitiu a ilegalidade da ocupação na Cisjordânia, ao exortar a retirada de colonos e soldados e reparação aos nativos.

As determinações sobre a ocupação, em setembro, tornaram-se resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, sob votação de maioria absoluta — mais de dois terços — dos Estados-membros, com prazo de um ano para ser implementada.

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