Supremo Líder do Irã instrui Conselho de Segurança a responder contra Israel

O Supremo Líder do Irã, aiatolá Ali Khamenei, instruiu o Conselho de Segurança Nacional do país a preparar ataques retaliatórios a Israel após descrever os danos causados por Tel Aviv na última semana como “grandes demais para serem ignorados”, segundo relatos do jornal americano The New York Times.

A reportagem citou três oficiais iranianos que disseram que Khamenei tomou a decisão na segunda-feira (28), ao obter um relatório detalhado das lideranças militares sobre danos eventuais à capacidade de produção armada, defesas aéreas e infraestrutura de energia do Irã, além de danos no principal porto do sul do país.

Após o ataque israelense ao Irã, na sexta-feira passada (25) — primeiro na história, como tréplica a uma bateria de mísseis iranianos lançados no início do mês —, o lado agressor buscou contabilizar vitória, enquanto Teerã tentou minimizar os danos.

Segundo as fontes anônimas do New York Times, porém, para Khamenei, “não responder quer dizer admitir derrota”.

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“Líderes iranianos estão agora preparando uma lista de alvos militares em Israel, embora os ataques devam acontecer após as eleições nos Estados Unidos [em 05 de novembro], dado que Teerã receia que uma nova onda de tensões e caos possa favorecer a campanha do ex-presidente Donald Trump”, notaram os oficiais.

Neste mesmo contexto, destacou em comunicado ontem (31) o comandante das Forças al-Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária, Esmail Qaani: “Permaneceremos ao lado do Hezbollah, que trava uma guerra com Israel no Líbano, submetido a uma violenta agressão contra seus líderes e seus arsenais”.

Segundo o New York Times, todavia, lideranças em Israel também parecem ansiosos em lançar ataques cada vez mais diretos contra o Irã. O premiê Benjamin Netanyahu, de sua parte, insistiu ontem que os ataques deram maior espaço de manobra a Israel, ao permitir uma eventual segunda rodada.

“Israel hoje tem maior liberdade de ação [sic] do que jamais teve. Podemos atingir todo e qualquer lugar do Irã conforme precisarmos”, declarou Netanyahu a apoiadores.

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Os disparos iranianos do começo do mês sucederam em poucas horas a invasão por terra de Israel contra o Líbano. Teerã justificou as ações por uma série de assassinatos políticos realizados por Tel Aviv, incluindo o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.

Tratou-se apenas da segunda vez que o Irã atacou Israel — a primeira em abril, em reação a um bombardeio israelense ao consulado do país na Síria.

A escalada sucede um ano de genocídio israelense em Gaza, com 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados.

As ações israelenses seguem em desacato de resoluções por cessar-fogo do Conselho de Segurança, além de ordens cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde Israel é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

Conforme analistas, apenas um cessar-fogo em Gaza — agora também no Líbano — pode impedir uma deflagração em escala regional.

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