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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Bebê de um ano é terceira vítima brasileira de Israel no Líbano — todas, menores de idade

Fatima Abbas, bebê brasileiro-libanesa de apenas 14 meses, morta por Israel em Beirute, capital do Líbano [Arquivo pessoal/Reprodução]

O Ministério de Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) confirmou, em nota, nesta tarde de segunda-feira (4) a morte de mais um cidadão brasileiro pela ofensiva israelense contra o Líbano, em curso desde meados de setembro.

Fatima Abbas, de somente 14 meses de idade, é a terceira vítima fatal de Israel no Estado levantino, morta por um bombardeio ao subúrbio de Hadeth, no sul de Beirute, capital do país. Fatima é a terceira vítima brasileira da ofensiva — todas, menores de idade.

“O conflito no Líbano já resultou na morte confirmada de um total de três brasileiros, todos menores de idade e todos vitimados por ataques israelenses”, destacou o Itamaraty.

“Ao expressar à família de Fatima Abbas as mais sentidas condolências e estender toda a sua solidariedade, o governo brasileiro reitera a condenação, nos mais fortes termos, aos contínuos e injustificados ataques aéreos de Israel contra zonas civis e renova o apelo às partes envolvidas para que cessem imediatamente as hostilidades”, acrescentou.

O caso foi registrado no sábado (2) em uma área residencial, distante de confrontos entre forças israelenses, que invadem o país, e combatentes do grupo Hezbollah.

LEIA: O governo brasileiro diante dos bombardeios sionistas ao Líbano

Os pais, Bassam Ali Abbas e Marua Hussein, transitavam com o bebê quando sofreram o ataque. Outras pessoas ficaram feridas.

Segundo Ali Abbas, avô da menina, seu filho, sua nora e sua neta aguardavam repatriação e que o Itamaraty os havia confirmado que constavam na lista. Contudo, foram feridos por estilhaços israelenses. A criança faleceu no domingo (3).

“Minha neta estava na cadeirinha, no banco de trás, meu filho com a esposa estavam na frente e aconteceu o bombardeio”, recordou o avô ao portal de notícias G1 — a menina foi atingida na barriga.

“Eles correram para o hospital e fizeram cirurgia, mas estava sangrando muito”, observou. “Deram 48 horas para ver se parava o sangramento. Mas ela não resistiu”.

Ela era um anjo, não sei por que seria atacada por essa guerra. Estão atacando só por atacar, para atingir civis. […] Perdemos um anjinho.

Em 25 de setembro, logo no início da escalada, aeronaves israelenses fizeram a primeira vítima fatal entre brasileiros.

Ali Kamal Abdallah, de somente 15 anos de idade, foi assassinado por aviões israelenses na região de Kelya, no vale do Bekaa, no sul libanês, junto do pai, de cidadania paraguaia. A família era de Foz do Iguaçu, no Paraná.

Dois dias depois, o Itamaraty reportou a morte de Mirna Raef nasser, de 16 anos, nascida em Balneário Camboriú (SC). A família de Mirna já tinha deixado a casa em que vivia, mas ela e o pai voltaram para buscar mantimentos.

Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), as operações de repatriação continuam, com seu décimo voo previsto para chegar ao Brasil na manhã desta terça (5) — completando 2.072 cidadãos e 24 pets resgatados.

Tel Aviv escalou seus ataques ao Líbano há pouco mais de um mês, após um ano de troca de disparos transfronteiriços com o grupo Hezbollah, no contexto do genocídio em Gaza, com 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados.

Israel mantém ataques também contra zonas de influência do Irã, como Síria e Iêmen, ao sugerir dolo de disseminar a guerra a toda região. Observadores apontam que apenas um cessar-fogo em Gaza pode impedir a deflagração.

Os avanços de Israel seguem em desacato a resoluções por cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde é réu por genocídio desde janeiro.

LEIA: Israel rejeita todas as propostas de cessar-fogo, lamenta premiê libanês

No Líbano, são três mil mortos e 13.400 feridos, além de 1.3 milhão de deslocados à força pelas ações da ocupação.

A questão é particularmente crucial ao Brasil por sua ampla comunidade libanesa — com até dez milhões de cidadãos e descendentes —, que excede a população no próprio país (5.5 milhões) e mantém laços familiares em suas terras ancestrais.

O governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva reconhece o genocídio em Gaza e apoia o processo em Haia — porém, apesar de apelos da sociedade civil e ser declarado persona non grata por Tel Aviv, ainda postergar a ruptura de relações.

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