A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou nesta segunda-feira (4) a conclusão da campanha de vacinação contra a poliomielite em Gaza. Porém, advertiu que milhares de crianças não conseguiram se vacinar no norte do enclave, devido à escalada de Israel, ao longo do último mês.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
A imunização — com público-alvo de crianças até dez anos de idade — foi conduzida por equipes do Ministério da Saúde da Palestina, da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A primeira rodada da vacinação foi implementada entre 1º e 12 de setembro, sob tréguas de três dias cada no centro, sul e norte de Gaza, atingindo 95% do público-alvo. A segunda fase seguiu a estratégia; contudo, sem a adesão de Israel.
A campanha foi acordada após um primeiro caso sintomático da doença em 25 anos, em um bebê de apenas dez meses de idade.
Na manhã de sábado (2), a segunda etapa chegou à Cidade de Gaza, designada à porção norte do enclave, de acordo com a campanha.
A primeira fase obteve êxito na procura das famílias, ao atingir a cobertura vacinal.
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Conforme comunicado, as agências conseguiram imunizar 94 mil crianças, mas milhares permanecem expostas devido às ações hostis e ao cerco de Israel.
A OMS alerta que a eventual ressurgência da doença afeta não somente Gaza, como toda a região, incluindo Israel.
Em 5 de outubro, o exército da ocupação israelense intensificou seus bombardeios contra a região norte, antes de invadi-la no dia seguinte. Homens e meninos foram capturados e despidos, levados a localidades desconhecidas.
A cobertura vacinal contra pólio nos territórios palestinos é notavelmente alta, com 99% em 2022 — todavia, sob queda a 89% no final de 2023, no contexto dos ataques de Israel, com 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Entre as vítimas fatais, em torno de 16.700 são crianças, além de dezenas que faleceram devido à inanição, como consequência do cerco — sem comida, água ou medicamentos. Casos de hepatite A, difteria e gastroenterite também atingem a população.
Os avanços de Israel seguem em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.
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