Morto em combate, Sinwar não comeu por três dias, revela autópsia

Uma autópsia conduzida por médicos forenses israelenses confirmou que Yahya Sinwar, líder do movimento palestino Hamas morto em combate em 16 de outubro, em Gaza, não comia havia três dias na ocasião de seu assassinato.

Segundo o jornal Israel Hayom, “os resultados da autópsia de Yahya Sinwar mostram que ele não comeu nada nas 72 horas que antecederam sua morte”.

Ainda assim, Sinwar se manteve no campo de batalha. Imagens de seus últimos instantes — divulgadas pelo exército israelense — mostram-no ferido, em uma cadeira, com vestes militares e um lenço tradicional (keffiyeh) sobre o rosto, jogando um pedaço de escombro contra o drone que o gravava.

Seu “último ato de resistência” se tornou ícone nas ruas e redes sociais, apesar do intento israelense de expressar vitória.

Chen Kugel, diretor da Instituto Nacional Forense de Israel, reportou a remoção de um dos dedos de Sinwar para checar seu DNA, mantido no acervo israelense desde suas prisões anteriores. Conforme Kugel, Sinwar sobreviveu por horas, apesar de suas condições, mas faleceu de danos cerebrais devido a um tiro.

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Para muitos, a nova informação reforça denúncias de que Israel usa a fome como arma de guerra na Faixa de Gaza, sem discriminar combatentes ou civis. Além disso, desmente as alegações, usadas para reduzir ao mínimo o acesso humanitário, de que o Hamas estaria desviando recursos a suas fileiras.

Sinwar ascendeu a chefe político do Hamas em agosto, após um atentado de Israel matar seu predecessor, Ismail Haniyeh, em Teerã, onde estava para a posse do novo presidente Masoud Pezeshkian.

Sinwar foi designado por Tel Aviv como a “mente por trás” da operação transfronteiriça do Hamas contra Israel de 7 de outubro de 2023, que capturou colonos e soldados. O regime ocupante afirma que 1.200 pessoas foram mortas, apesar de evidências de “fogo amigo” corroboradas por vazamentos divulgados pelo jornal israelense Haaretz.

Desde então, Israel recorre a uma campanha de desinformação sobre o incidente, como pretexto para suas ações de punição coletiva contra os civis de Gaza, denunciadas como genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia.

Em um ano, a agressão israelense deixou ao menos 43 mil mortos e cem mil feridos, além de dois milhões de desabrigados sob cerco absoluto — sem comida, água, combustível e medicamentos. Dezenas, sobretudo crianças, morreram de fome.

Apesar da morte de Sinwar — suposto objetivo de guerra declarado pela liderança em Tel Aviv —, não há ainda um cessar-fogo no horizonte.

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