A rede internacional de notícias Associated Press confirmou neste domingo (3) que Israel “apresentou pouca ou nenhuma evidência de presença de combatentes do grupo Hamas nos hospitais atacados reiteradamente na Faixa de Gaza”.
Como parte de uma extensa reportagem investigativa conduzida pela agência americana, ao longo de meses, testemunhos foram coletados sobre os ataques aéreos contra centros de saúde como Al-Awda, Indonésio e Kamal Adwan, na Faixa de Gaza.
A investigação incluiu entrevistas de mais de 30 pacientes, testemunhas e trabalhadores de saúde e assistência humanitária no enclave palestino, paralelamente a consultas com oficiais da ocupação israelense.
O resultado desmentiu novamente as justificativas de Israel para atacar alvos e estruturas civis, protegidas pela lei internacional.
A Associated Press confirmou que a assessoria de imprensa do exército israelense sequer quis comentar a lista de incidentes contra os hospitais de Gaza, ao alegar “ser incapaz de abordar eventos específicos”.
Desde que Israel lançou seus bombardeios indiscriminados contra Gaza, em 7 de outubro de 2023, suas tropas atingiram e invadiram deliberadamente centros de saúde, ao torná-los inoperantes apesar da crise sanitária e de fome e do alto volume de feridos.
Em outubro, em meio a uma nova escalada ao norte, Israel bombardeou sucessivas vezes os hospitais Kamal Adwan, Al-Awda, Indonésio e Al-Yemen Al-Saeed, no objetivo de coagir as famílias palestinas a esvaziar a área, em meio a uma campanha de limpeza étnica.
Em 26 de outubro, o exército colonial se retirou de Kamal Adwan após dois dias, deixando para trás um rastro de destruição.
Forças ocupantes detiveram centenas de pacientes, enfermeiros, médicos e refugiados, e interrogaram violentamente o diretor do hospital, Husam Abu Safiya, deixando o centro de saúde com apenas seu diretor, três enfermeiras e um pediatra.
Os ataques ao norte coincidem ainda com esforços de vacinação contra a poliomielite no norte de Gaza, após a segunda dose ser ministrada na região sul e central.
De acordo com alertas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Tel Aviv não tem poupado sequer as equipes de imunização ou as famílias à espera da dose.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), ao menos dois terços dos hospitais de Gaza estão inoperantes, após um ano de genocídio, com 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados.
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