Donald Trump foi eleito 47º presidente dos Estados Unidos, após deixar a Casa Branca há quatro anos. O resultado do candidato republicano de extrema-direita foi confirmado pela rede de notícias Associated Press na manhã desta quarta-feira (6).
Trump bateu a vice-presidente democrata Kamala Harris, incluindo o voto popular.
A vitória no Wisconsin, após triunfos em estados chaves como Geórgia, Carolina do Norte e Pensilvânia, garantiram o piso de 270 votos do Colégio Eleitoral para o retorno de Trump à Casa Branca.
Sua vitória foi recebida ora com cautela, ora com cumprimentos de líderes globais, apesar de um clima de incerteza em meio um cenário de turbulência internacional.
Políticos do Oriente Médio, no entanto, sobretudo autocratas, ecoaram um raro uníssono em tom de parabéns.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, congratulou o que descreveu como a “maior volta por cima da história”.
Na plataforma de rede social X (Twitter), insistiu Netanyahu: “Seu retorno histórico à Casa Branca oferece um novo começo à América e um poderoso reforço de seu compromisso à gloriosa aliança entre Israel e Estados Unidos”.
Então assinou: “Em verdadeira amizade, Benjamin e Sara Netanyahu”.
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Israel Katz, ex-ministro de Relações Exteriores, empossado na pasta de Defesa após Yoav Gallant ser demitido, declarou: “Juntos, fortaleceremos a aliança Israel–Estados Unidos, traremos os reféns de volta e derrotaremos o eixo do mal [sic] liderado pelo Irã”.
Itamar Ben-Gvir, ministro de Segurança Nacional, racista condenado, festejou no Twitter: “SIIIIIM”. Seu colega fundamentalista, Bezalel Smotrich, das Finanças, proclamou “Deus abençoe Israel. Deus abençoe a América”.
O general presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi — que ascendeu ao poder via golpe de Estado — comentou: “Desejo [a Trump] todo o sucesso. Estou ansioso em alcançarmos a paz, juntos, em nome da estabilidade regional e do fortalecimento da parceria estratégica entre nossos países”.
O rei Salman da Arábia Saudita e Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto da monarquia, comemoraram as “relações próximas entre os países amigos, que buscamos fortalecer e desenvolver em todos os campos”.
O rei da Jordânia, Abdullah II, estendeu parabéns ao republicano, ao ressaltar “a parceria de longa data entre Jordânia e Estados Unidos, a serviço da paz e estabilidade para todos, na região e no mundo”.
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Mohamed bin Zayed al-Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos, que normalizou relações com Israel sob os auspícios de Trump, em 2020, prometeu “continuar a trabalhar com nossos parceiros nos Estados Unidos por um futuro de oportunidade, prosperidade e estabilidade para todos”.
O emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, ecoou expectativas de “trabalhar novamente [com Trump] para fortalecer a parceria estratégica e avançar nos esforços compartilhados para promover a estabilidade e segurança no mundo e em nossa região”.
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, contrariou as políticas do primeiro mandato de Trump, ao expressar “confiança de que os Estados Unidos, sob sua liderança, apoiarão as aspirações legítimas do povo palestino”.
Para o movimento palestino Hamas, em nota, o relacionamento sobre o novo governo em Washington “depende de suas posições e sua abordagem prático sobre o povo palestino, assim como seus direitos legítimos e sua justa causa”.
O presidente eleito “deve ouvir as vozes da própria comunidade americana que rejeitam a agressão a Gaza” e “deve aceitar que nossos povos continuarão a confrontar a ocupação, sem capitular a um caminho que diminua seus direitos”.
Conforme Fatemeh Mohajerani, porta-voz do governo no Irã, a vida de seus cidadãos não será afetada pelo pleito. “As eleições nos Estados Unidos não são assunto nosso”, insistiu a jornalistas. “Temos políticas firmes que não vão mudar com base em indivíduos”.
Fora do Oriente Médio, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi — ultranacionalista —, comentou: “À medida que avança os sucessos de seu mandato anterior, ansiosamente aguardo renovarmos nossa colaboração e parceria estratégica”.
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Na Hungria, o premiê Viktor Orban — pioneiro da atual onda global de extrema-direita — descreveu a reeleição de Trump como “uma vitória bastante necessária para o mundo” e “maior volta por cima da história política dos Estados Unidos”.
Conforme o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan uma “nova era” começa com as eleições americanas”.
Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália — autodeclarada “fascista” —, citou a “aliança inquebrável” de seu país com os Estados Unidos, ao exaltar um “vínculo estratégico, que certamente será fortalecido agora, ainda mais”.
Na Argentina, o presidente extremista Javier Milei celebrou a “formidável vitória eleitoral” de Trump, a quem descreve como modelo. “Agora, Make America Great Again. O senhor sabe que pode contar conosco em sua missão”.
Em El Salvador, o presidente ultraliberal Nayib Bukele — sionista de origens palestinas —, destacou: “Parabéns ao presidente eleito dos Estados Unidos da América, Donald Trump. Que Deus o abençoe e o oriente”.
Em contrapartida, o Brasil, de Luiz Inácio Lula da Silva, indicou cautela: “A democracia é a voz do povo e tem de ser respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto por paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”.
Mao Ning, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, reiterou “consistência” em sua política externa. “Continuaremos a enxergar e lidar com as relações entre China e Estados Unidos conforme princípios de respeito mútuo, coexistência e cooperação com base em ganhos recíprocos”.
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Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, negou a jornalistas ter informações de que Vladimir Putin pretende parabenizar Trump no momento, dado que os Estados Unidos prevalecem como uma “nação não-amistosa”, no contexto da invasão da Ucrânia.
“Chegaremos a conclusões com base em passos concretos”, afirmou Peskov.
O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev comentou, porém, em mensagem no Telegram: “Trump tem uma qualidade útil para nós: é um empresário até o fundo, que detesta gastar dinheiro com aliados encostados ou estúpidos, projetos ruins de filantropia ou entidades internacionais predatórias [sic]”.
O Ministério de Relações Exteriores em Moscou disse apenas “não ter ilusões”.
Volodymyr Zelenskyy, presidente da Ucrânia, por sua vez, reiterou apoio ao “compromisso de Trump com uma abordagem de ‘paz pela força’ — exatamente o princípio que pode nos aproximar de paz e justiça na Ucrânia”.
Aliados, como Reino Unido — através do premiê trabalhista Keir Starmer — e Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) prometeram “preservar, ombro a ombro, valores que compartilhamos de liberdade, democracia e iniciativa”, em busca de “paz pela força”.
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