O repórter israelense Yuval Abraham e seu colega palestino Basel Adra foram galardoados na terça-feira (5) com a segunda edição do Prêmio Anna Politkovskaya-Arman Soldin por Coragem em Jornalismo concedido pelo Ministério de Relações da França.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
A honraria se deu ao trabalho de ambos sobre as atividades coloniais e de assentamentos de Israel na Cisjordânia ocupada.
O prêmio — inaugurado em Paris no ano passado — presta homenagem à jornalista russa Anna Politkovskaya, morta enquanto cobria a Guerra da Chechênia, e seu colega franco-bósnio Arman Soldin, que registrou os primórdios da invasão russa na Ucrânia.
“A França reforça sua denúncia sobre as condições de risco nas quais muitos jornalistas exercem sua profissão, além de prisões arbitrárias das quais, muitas vezes, são vítimas”, declarou a chancelaria em nota.
Ao insistir que a proteção aos jornalistas é “essencial para garantir o acesso do público a informações livres, independentes, confiáveis e plurais”, o comunicado reiterou a postura parisiense em defesa da liberdade de expressão em todo o mundo.
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Adra e Abraham estão entre os quatro realizadores do premiado documentário “No Other Land”, lançado neste ano, sobre a política da ocupação israelense de demolição de casas palestinas na Cisjordânia e em Jerusalém.
O longa-metragem, produzido pelo coletivo israelo-palestino, documenta os pogroms de Israel na região de Masafer Yatta, na Cisjordânia, terra natal de Adra.
Em fevereiro, após emitir um apelo por igualdade entre judeus e palestinos, ao receber a premiação de Melhor Documentário do Festival de Cinema de Berlim (Berlinale), Abraham notou sofrer ameaças de concidadãos israelenses.
Em seu discurso, o documentarista denunciou o apartheid e a ocupação ilegal israelense na Cisjordânia e pediu um cessar-fogo em Gaza.
Avanços coloniais na região se intensificaram em paralelo ao genocídio em Gaza, desde outubro de 2023, com 770 mortos e 6.300 feridos nos territórios ocupados. Em Gaza, são 43 mil mortos e cem mil feridos.
As violações seguem em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança e ordens cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde o Estado israelense é réu por genocídio desde janeiro.
A mesma corte, em julho, reconheceu a ilegalidade da presença israelense na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ao reivindicar evacuação imediata de colonos e soldados, assim como reparação aos nativos.
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