Sem apoiar Harris e sob difamação de Israel, Rashida Tlaib se reelege nos EUA

Rashida Tlaib, primeira cidadã palestino-americana a conquistar um assento na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, reelegeu-se ao bater seu oponente republicano no 12º Distrito de Michigan, nesta terça-feira, 5 de novembro.

Este é seu quarto mandato, alcançado, no entanto, após ser abandonada por seu próprio partido, os Democratas, sob uma violenta campanha de difamação do lobby sionista e de membros racistas do congresso.

Tlabi venceu 77% dos votos, com uma agenda baseada nas reivindicações das categorias de base de sua região, incluindo operários de Detroit, contra o republicano James Hooper, com apenas 19% dos votos.

Sua vitória ocorre no contexto do genocídio israelense em Gaza, com apoio inabalável do governo democrata de Joe Biden, deixando 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados dentro de um ano.

Tlabi se manteve crítica eloquente das políticas de guerra da Casa Branca, ao demandar um embargo de armas a Israel.

Nos dias que antecederam as eleições, Tlaib se negou a declarar apoio à vice-presidente Kamala Harris, candidata democrata contra Donald Trump, ao indicar alinhamento a uma onda de abstenção de núcleos progressistas — cruciais à vitória de Biden em 2020 — por conta da questão palestina e outras matérias.

Na manhã desta quarta (6), foi confirmada a derrota de Harris, incluindo no voto popular. Trump retornará agora à Casa Branca como 47º presidente dos Estados Unidos, ao vencer

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estados chaves como Geórgia, Carolina do Norte e Pensilvânia.

Em junho, a procuradora-geral de Michigan, Dana Nessel, democrata, difamou Tlaib como “antissemita”, após a parlamentar eleita supostamente acusá-la de perseguir estudantes pró-Palestina na principal universidade do estado por sua identidade judaica.

As alegações de Nessel, porém, foram desmentidas pelas redes de imprensa.

Em novembro de 2023, semanas após se deflagrar o genocídio em Gaza, o Congresso — inclusive democratas — votou por censurar Tlaib, ao acossá-la por “promover narrativas falsas sobre 7 de outubro e pedir a destruição do Estado de Israel [sic]”.

A censura orbitou a criminalização das palavras de ordem “Palestina livre, do rio ao mar”, em referência ao mapa milenar da Palestina histórica — antes da Nakba ou catástrofe de 1948, quando foi criado Israel mediante limpeza étnica planejada.

Tlaib, contudo, manteve-se firme, ao defender o chamado como “um apelo por liberdade, direitos humanos e coexistência pacífica — e não morte, destruição ou ódio”, ao instar um Estado democrático e secular para todos.

Deputados que defendem o paradigma supremacista de “Grande Israel” — em sistema de apartheid contra os palestinos — não receberam, desde então, as mesmas sanções.

Após ser eleita pela primeira vez ao Capitólio, em 2018, Tlaib ganhou proeminência entre um grupo de deputados progressistas conhecido como Squad. Junto de sua colega, Ilhan Omar, Tlaib se tornou a primeira mulher muçulmana no congresso americano.

Omar, também solidária à causa palestina, acompanhou o sucesso de Tlaib, por margem semelhante, reeleita no 5º Distrito de Minnesota contra sua adversária republicana, Dalia al-Aqidi, iraquiano-americana viabilizada por grupos de lobby pró-Israel.

Nas prévias democratas de agosto, Omar enfrentou esforços sem precedentes do Comitê de Assuntos Públicos Israelo-Americano (AIPAC) para destituí-la, ao financiar seu detrator sionista, Don Samuels, com cerca de US$500 mil.

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Ambas foram figuras importantes na oposição do primeiro mandato de Donald Trump, de 2016 a 2020, frequentemente atacadas e ameaçadas por figuras racistas, dentre as quais, o próprio presidente.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza, com cumplicidade de Washington, há 13 meses, deixando 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados sob sítio absoluto — sem comida, água e medicamentos.

Apesar de pressão doméstica e crise institucional, Biden e seu governo ampliaram o envio de armas a Israel e buscaram blindar o Estado de apartheid no Conselho de Segurança e nas cortes internacionais.

Conforme analistas, é o lobby americano — sob a gestão democrata — que posterga uma decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, sobre mandados de prisão contra Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant.

Israel, no entanto, é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que julga Estados, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

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