Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata ao executivo, derrotada nas eleições desta terça-feira (5), perdeu o swing state — ou “estado-pêndulo”, sem favoritismo partidário — de Michigan, onde os eleitores árabes e muçulmanos foram determinantes.
O republicano Donald Trump garantiu os 15 votos do colégio eleitoral no estado do norte-nordeste, somando-se a seus 295 votos no sistema americano, acima do piso de 270 para conquistar seu retorno à Casa Branca.
Trump venceu ainda o voto popular, por uma margem de cinco milhões de votos, com um total de 71 milhões de votos ao ex-presidente. Seu partido conquistou também o controle do legislativo, com maioria na Câmara e no Senado.
Trump venceu todos os swing states, incluindo Carolina do Norte, Pensilvânia, Wisconsin, Geórgia e Michigam, além de suas bases no sul, meio-oeste e Flórida.
O republicano de extrema-direita será apenas o segundo presidente americano a cumprir dois mandatos não-consecutivos, após Grover Cleveland, no século XIX.
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Em Michigan, ao longo da campanha, a comunidade árabe-muçulmana advertiu para um sentimento de traição sobre o apoio incondicional do governo de Joe Biden ao genocídio israelense na Faixa de Gaza, com 43 mil mortos e cem mil feridos em 13 meses.
Em Dearborn, maior cidade árabe-americana, em termos de proporção, no país, eleitores pareceram pender até mesmo a Trump, com 47% dos votos, porém, abaixo da soma entre Harris, com 27%, e Jill Stein, do Partido Verde, com 21%.
Para Khaled Beydoun, professor de direito da Universidade de Detroit Mercy (UDM), “tudo se resumiu a Gaza”.
Em seu primeiro mandato, contra a lei internacional e determinações das Nações Unidas, Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel e a “soberania” do Estado ocupante sobre as colinas de Golã, território da Síria.
Seu sucessor Joe Biden, no entanto, não revogou as medidas.
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Quatro anos depois, um genocídio com apoio americano segue em Gaza, junto a ataques de Israel ao Líbano e alertas de propagação da guerra a uma escala regional.
A questão impactou as campanhas de Biden e sua substituta no pleito, ao alienar grande parte do eleitorado progressista — crucial à vitória democrata de 2020 —, com numerosas abstenções ou votos de protesto em partidos menores de terceira via.