Israel destrói prédio otomano, perto da acrópole de Baalbek

Um ataque aéreo israelense destruiu um prédio da era otomana a metros de distância de templos de Baalbek consagrados como Patrimônio Mundial do Fundo das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), na cidade histórica no leste do Líbano.

Segundo a agência de notícias Reuters, a instância é o mais perto que o exército de Israel chegou de atingir um dos principais sítios arqueológicos do Oriente Médio.

Destroços cinzentos e metais retorcidos tomaram a paisagem nesta quinta-feira (7), junto de um ônibus carbonizado, a algumas dezenas de metros dos templos históricos, um dia após uma onda de ataques israelenses matar 40 pessoas na região.

O exército colonial ordenou todos os residentes de Baalbek, no Vale de Baqaa, a deixarem suas casas, ao repetir a doutrina de limpeza étnica e deslocamento compulsório adotada em Gaza, nos últimos 13 meses.

Bachir Khodr, governador de Baalbek, reiterou que o prédio destruído em Manshiyeh tinha também valor, datado do período otomano. “Este é um distrito com um caráter artesanal, que costuma estar lotado de turistas”, destacou Khodr.

“Felizmente, no entanto, não havia ninguém naquele prédio”, acrescentou.

Conforme o governador, não há registros, até então de danos imediatos aos templos, mas as averiguações prosseguem.

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“Os guardas do castelo confirmaram, ao menos visualmente, que não há danos”, afirmou Khodr. “Precisamos, contudo, que especialistas — engenheiros e arqueólogos — venham avaliar. Não conseguimos fazer isso ainda por conta dos ataques”.

Maya Halabi, do tradicional Festival Internacional de Cultura de Baalbek, reportou danos, porém, em ao menos três localidades otomanas: os Quartéis de Gouroud, o Hotel Palmira e o prédio destruído nesta quarta-feira.

Baalbek é dos mais bem preservados complexos de templos fenícios e greco-romanos da região do Levante.

“A acrópole — onde estão os templos — está há apenas alguns metros da área alvejada”, enfatizou Halabi. “Não foi danificada, até o momento, mas só podemos esperar que isso não aconteça”.

Israel escalou suas ações no Líbano em meados de setembro, após uma onda de ataques terroristas, atribuídos à agência de espionagem Mossad, que detonaram pagers e walkie-talkies nas ruas libanesas.

Em 1º de outubro, Tel Aviv deflagrou sua invasão por terra ao Líbano — contida, até então, por unidades do Hezbollah, com quem troca disparos há um ano.

As ações sucedem um ano de genocídio em Gaza, com 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados. No Líbano, são três mil mortos, 13.700 feridos e 1.3 milhão de deslocados à força.

A campanha israelense é crime de guerra, punição coletiva e genocídio.

Ataques a sítios arqueológicos, históricos e turísticos — incluindo Patrimônios Mundiais, sob a lista do Fundo das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) — se tornaram comuns por parte de Israel, como prática de memoricídio.

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