Sami Abu Zuhri, membro do gabinete político do Hamas, comentou nesta sexta-feira (8) o tumulto causado por torcedores supremacistas do Maccabi Tel Aviv em Amsterdã, capital da Holanda, à véspera de uma partida contra o Ajax pela Liga da Europa.
Segundo sua análise, após provocações dos hooligans israelenses, residentes na cidade manifestaram respostas orgânicas e espontâneas sobre um sentimento represado frente aos reiterados massacres de Israel na Faixa de Gaza, em curso há um ano.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Os eventos em Amsterdã confirmam que o genocídio em Gaza, transmitido ao vivo sem a devida reação internacional para cessá-lo e responsabilizar os perpetradores, podem sim levar a respostas espontâneas das populações”, argumentou Zuhri.
“Dar fim ao genocídio é crucial para que todos sigamos respeitando e protegendo direitos humanos fundamentais, em busca da paz, segurança e estabilidade não apenas na região como global”, acrescentou.
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Em comunicado à parte, o Ministério de Relações Exteriores da Palestina condenou ações inflamatórias dos torcedores do Maccabi Tel Aviv, por entoar cantos racistas nas ruas de Amsterdã e mesmo roubar e queimar bandeiras palestinas das casas.
“Denunciamos os slogans antiárabes e os atos de violência dos apoiadores de um time de futebol israelense notório por tendências racistas, na capital holandesa, ao longo de três dias consecutivos”, reiterou a pasta.
O ministério reivindicou investigação do governo da Holanda sobre os instigadores, assim como proteção de árabes e palestinos diante de colonos ilegais que cometem crimes não apenas nos territórios ocupados como no exterior.
A chancelaria alertou ainda para um aumento global em sentimentos e atividades racistas promovidas por tais grupos, ao descrever seus delitos como “ataque direto à identidade e aos símbolos nacionais palestinos”.
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A polícia holandesa prendeu 62 pessoas durante confrontos, deflagrados por vandalismo dos hooligans israelenses, incluindo ataques a casas e agressões a taxistas, gravados em vídeo, cujos registros viralizaram online.
Após a vitória por 5 a 0 do Ajax, tensões seguiram altas, com torcedores do Maccabi ainda entoados insultos a transeuntes e trabalhadores.
O Maccabi Tel Aviv é um clube fundado por colonos pioneiros na então cidade de Jaffa, na Palestina histórica — hoje, Tel Aviv —, em 1906. Sua torcida, assim como de outros times israelenses, tornou-se conhecida por gritos racistas antipalestinos.
Entre os gritos da torcida sionista, registrados nas ruas de Amsterdã: “Morte aos árabes”, “Que o exército vença e f**a os árabes” e “Não tem escolas em Gaza porque acabaram as crianças”.
Apesar de radicado na Ásia Ocidental, o clube colonial — assim como a seleção nacional israelense — disputa partidas pela União das Federações Europeias de Futebol (UEFA). A equipe está hoje na penúltima posição da Liga Europeia.
Sua próxima partida será em 28 de novembro, contra o clube turco Besiktas, radicado em Istambul. Autoridades na Turquia, contudo, determinaram que o jogo seria disputado em “solo neutro”.
A turnê israelense na Europa é marcada por protestos. Nesta semana, em partida contra o Atlético de Madrid pela Liga dos Campeões, fãs do Paris Saint-Germain (PSG) estenderam um bandeirão com os dizeres “Palestina livre”, nas arquibancadas do Parc des Princes.
O incidente ocorreu oito dias antes da França receber a seleção israelense em Paris para uma partida da Liga das Nações da UEFA.
A participação israelense nos diferentes campeonatos europeus e internacionais ignora, porém, apelos da Associação de Futebol de Palestina para seu banimento dos torneios e eventos da Federação Internacional de Futebol (FIFA).
Em julho, a FIFA postergou uma decisão sobre o requerimento a 31 de agosto, ao permitir que Israel participasse do torneio de futebol masculino das Olimpíadas de Paris. Porém, adiou novamente a deliberação ao fim de outubro — ainda aberta.
A Confederação de Futebol Asiática (AFC) declarou apoio à solicitação palestina.
No Brasil, coletivos pró-Palestina — como Frente Palestina São Paulo, Juventude Sanaúd, BDS Brasil, entre outros — lançaram uma campanha para que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) se somem às denúncias.
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A eventual suspensão de Israel na FIFA tem precedente.
Em 1961, a federação desportiva baniu a África do Sul devido ao regime de apartheid; em 1992, foi a vez da Iugoslávia, devido às violações nos Balcãs, após a emissão de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 2022, FIFA e UEFA agiram rapidamente para suspender a Rússia pela invasão militar contra a Ucrânia.
Israel mantém seus ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com mais de 43 mil mortos e cem mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. Entre setembro e outubro, Israel intensificou ainda ataques ao Líbano, com três mil mortos e 13 mil feridos, além de 1.3 milhão de deslocados à força.
Israel age em desacato a resoluções por cessar-fogo do Conselho de Segurança, além de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, onde é réu por genocídio desde janeiro.