Gestão da guerra é ‘refém’ de Netanyahu, afirma general israelense

Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, discursa à 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, em 27 de setembro de 2024 [Fatih Aktas/Agência Anadolu]

O general Israel Ziv, ex-chefe de operações do exército da ocupação israelense, somou-se às denúncias de que, após a demissão do ministro da Defesa, Yoav Gallant, a gestão dos conflitos em Gaza e no Líbano se tornou “refém” das “considerações políticas e pessoais” do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Seu comentário foi feito em artigo publicado no website do Canal 12, neste domingo (10), cinco dias depois da exoneração de Gallant, substituído por Israel Katz, então ministro de Relações Exteriores.

Gallant foi demitido após se recusar a votar em uma lei para isentar judeus ultraortodoxos do serviço militar, segundo informações da agência de notícias Anadolu.

Seus embates com o premiê, porém, antecedem mesmo o genocídio em Gaza, a partir de outubro de 2023, após uma primeira demissão pela rejeição de Gallant a uma reforma no sistema judiciário israelense que somaria poderes a Netanyahu.

Gallant foi restituído, na ocasião, após protestos de massa.

Desta vez, Gallant e Netanyahu compartilham uma solicitação por mandado de prisão da promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, desde maio, por suas ações em Gaza, com 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados.

Para o general israelense, no entanto, “a demissão de Gallant eliminou também a verdade e a transparência da gestão da guerra”.

“Considerações de segurança para os objetivos de guerra devem evaporar, especialmente o retorno dos reféns [prisioneiros de guerra, em Gaza] e a tradução de nossas conquistas [sic] em ganhos políticos fundamentais”, acrescentou Ziv.

Segundo o general, “a gestão da guerra será exclusividade de Netanyahu — refém de seus próprios interesses políticos e pessoais”.

Netanyahu é alvo de um escândalo interno e inquéritos policiais por documentos vazados do exército por seus assessores, além de protestos de massa que reivindicam um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros com os grupos palestinos, após 13 meses de guerra sem ganhos práticos, salvo uma crise inédita de diplomacia e relações públicas.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

Analistas alertam que Netanyahu obstrui um cessar-fogo em causa própria, sob receio de colapso de seu governo e eventual prisão por corrupção, nos três processos que enfrenta no judiciário israelense.

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