Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Autoridade Palestina (AP), condenou as instruções do ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, para que partes relevantes conduzam preparativos para anexar ilegalmente a Cisjordânia, no próximo ano.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich — colono radicado em um assentamento ilegal e líder do partido fundamentalista Sionismo Religioso — afirmou nesta segunda-feira (11) que 2025 seria “o ano da soberania israelense sobre Judeia e Samaria”, ao adotar o termo bíblico-colonial para a Cisjordânia ocupada.
Para Abu Rudeineh, os comentários de Smotrich revelam a extensão dos planos de Israel para “consolidar seu controle absoluto sobre a Cisjordânia em 2025”, ao se somarem aos crimes consecutivos da ocupação contra o povo palestino em todo o território, incluindo Gaza e Jerusalém.
Abu Rudeineh reiterou que as intenções declaradas de Smotrich desafiam abertamente a recente resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, aprovada em setembro por maioria absoluta, para adotar as recomendações do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) para evacuação de colonos e soldados e reparação aos nativos dentro de um ano.
Abu Rudeineh destacou que as autoridades ocupantes são plenamente responsáveis por eventuais repercussões em campo de suas políticas de escalada colonial, em detrimento de uma busca abrangente pela estabilidade regional.
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Ao rebater a retórica de Smotrich e outros líderes, Abu Rudeineh insistiu que “2025 será o ano do estabelecimento de um Estado palestino independente”, com Jerusalém Oriental como sua capital, “sem o qual a paz e a estabilidade são inalcançáveis”.
Em encontro com sua facção extremista no parlamento israelense (Knesset), na segunda, Smotrich celebrou a vitória eleitoral de Donald Trump sobre a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, ao anunciar planos da Diretoria de Assentamentos e Gestão Civil — do Ministério da Defesa — para preparar terreno para a anexação.
Não é a primeira vez que Smotrich exorta a anexação ilegal dos territórios ocupados, a fim de impedir o estabelecimento legal de um Estado palestino independente e autônomo — conforme o direito internacional.
Smotrich é um dos proponentes da ideia de “Grande Israel”, ao ostentar mapas em foros estrangeiros que representam Cisjordânia e Gaza, além de terras sírias e libanesas, como parte do Estado colonial de Israel.
Durante seu primeiro mandato, em 2017, Trump “reconheceu” a soberania de Israel sobre a totalidade de Jerusalém ocupada, ao implodir décadas de política externa americana e consenso internacional, além de expressar apoio a planos expansionistas.
Avanços coloniais na Cisjordânia, incluindo pogroms contra cidades e aldeias palestinas, se intensificaram no contexto do genocídio em Gaza.
A Cisjordânia permanece sob ocupação de Israel desde 1967. Todos os assentamentos e colonos radicados nos territórios palestinos são ilegais sob o direito internacional.