Autoridades israelenses instaram torcedores de futebol a não viajarem a Paris para o jogo entre as equipes nacionais de França e Israel nesta quinta-feira (14), pela Liga das Nações após um ataque de hooligans do clube Maccabi Tel Aviv instigarem confrontos na cidade de Amsterdã, na Holanda, na última semana.
O Conselho de Segurança Nacional de Israel insistiu que seus cidadãos “devem, de modo categórico, evitar comparecer a eventos esportivos e culturais no exterior, e, sobretudo, a próxima partida das equipes israelenses na capital francesa”.
O presidente francês Emmanuel Macron disse que atenderá ao jogo, no Stade de France, ao instruir a presença de quatro mil policiais.
A polícia holandesa prendeu 62 pessoas durante confrontos, deflagrados por vandalismo dos hooligans israelenses, incluindo ataques a casas e agressões a taxistas, gravados em vídeo, cujos registros viralizaram online.
Após a vitória por 5 a 0 do Ajax, tensões seguiram altas, com torcedores do Maccabi ainda entoados insultos a transeuntes e trabalhadores.
O Maccabi Tel Aviv é um clube fundado por colonos pioneiros na então cidade de Jaffa, na Palestina histórica — hoje, Tel Aviv —, em 1906. Sua torcida, assim como de outros times israelenses, tornou-se conhecida por gritos racistas antipalestinos.
Entre os gritos da torcida sionista, registrados nas ruas de Amsterdã: “Morte aos árabes”, “Que o exército vença e f**a os árabes” e “Não tem escolas em Gaza porque acabaram as crianças”.
Apesar de radicado na Ásia Ocidental, Israel e seus clubes disputam partidas pela União das Federações Europeias de Futebol (UEFA).
A turnê israelense na Europa é marcada por protestos. Nesta semana, em partida contra o Atlético de Madrid pela Liga dos Campeões, fãs do Paris Saint-Germain (PSG) estenderam um bandeirão com os dizeres “Palestina livre”, nas arquibancadas do Parc des Princes.
A participação israelense nos diferentes campeonatos europeus e internacionais ignora, porém, apelos da Associação de Futebol de Palestina para seu banimento dos torneios e eventos da Federação Internacional de Futebol (FIFA).
Em julho, a FIFA postergou uma decisão sobre o requerimento a 31 de agosto, ao permitir que Israel participasse do torneio de futebol masculino das Olimpíadas de Paris. Porém, adiou novamente a deliberação ao fim de outubro — ainda aberta.
A Confederação de Futebol Asiática (AFC) declarou apoio à solicitação palestina.
No Brasil, coletivos pró-Palestina — como Frente Palestina São Paulo, Juventude Sanaúd, BDS Brasil, entre outros — lançaram uma campanha para que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) se somem às denúncias.
A eventual suspensão de Israel na FIFA tem precedente.
Em 1961, a federação desportiva baniu a África do Sul devido ao regime de apartheid; em 1992, foi a vez da Iugoslávia, devido às violações nos Balcãs, após a emissão de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 2022, FIFA e UEFA agiram rapidamente para suspender a Rússia pela invasão militar contra a Ucrânia.
Israel mantém seus ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com mais de 43 mil mortos e cem mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. Entre setembro e outubro, Israel intensificou ainda ataques ao Líbano, com três mil mortos e 13 mil feridos, além de 1.3 milhão de deslocados à força.
Israel age em desacato a resoluções por cessar-fogo do Conselho de Segurança, além de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, onde é réu por genocídio desde janeiro.
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