Nesta terça-feira (12), um júri federal dos Estados Unidos reconheceu a culpabilidade da empreiteira civil CACI International por colaborar com tortura na prisão de Abu Ghraib, na região de Bagdá, durante a invasão americana ao Iraque entre 2003 e 2004.
As informações são da agência de notícias Reuters.
O veredito determinou à empresa, sediada no estado da Virgínia, um pagamento total de US$42 milhões em indenizações, divididas igualmente, aos três querelantes, reportou em comunicado o Centro de Direitos Constitucionais, que representou as vítimas.
A decisão representa a primeira vez que uma empresa civil é responsabilizada legalmente por crimes de tortura em Abu Ghraib.
Os abusos contra prisioneiros, cometidos por tropas americanas na instalação iraquiana, tornaram-se um escândalo sob a gestão do presidente republicano George W. Bush, após fotografias dos crimes vazarem ao público em 2004.
As imagens mostravam soldados americanos sorrindo e gesticulando enquanto os presos sofriam tortura sob posições de estresse e humilhação, incluindo uma pirâmide humana de homens nus e simulação de atos sexuais.
Os prisioneiros denunciaram abusos físicos, psicológicos e sexuais, como a imposição de choques elétricos em suas partes íntimas e simulação de execuções sumárias.
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O CACI negou, ao longo do processo, que seus funcionários participaram das violações e prometeu recorrer ao veredito. Evidências, no entanto, mostram que agentes contratados da empresa operaram como interrogadores em Abu Ghraib, a serviço do governo.
As três vítimas, cidadãos iraquianos — Suhail al-Shimari, Salah al-Ejaili e As’ad al-Zuba’e —, relataram que interrogadores do CACI instruíam diretamente soldados a “amaciar” os prisioneiros, antes de serem interrogados.
Após sofrerem as violações, contudo, os três querelantes foram libertados da prisão sem nenhuma acusação — tampouco reparação, até o momento.
Um porta-voz do CACI retratou a empresa como vítima, ao alegar “ser equivocadamente submetida a uma filiação negativa de longa data com atos imprudentes e infelizes [sic] de um grupo de policiais militares em Abu Ghraib”.
A invasão dos Estados Unidos ao Iraque, deflagrada por alegações de que o então regime possuía armas de destruição em massa, desmentidas posteriormente, levaram a milhões de mortos e refugiados e devastação no país.
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