O Centro Handala para Direitos dos Prisioneiros e Ex-prisioneiros reportou em nota, nesta quarta-feira (13), uma campanha de abusos sistemáticos contra Khalida Jarrar, eminente líder palestina, em custódia da ocupação israelense na penitenciária de Ramla.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Segundo a organização, Jarrar — parlamentar eleita pela Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) — está submetida a condições severas que ameaçam sua vida. Entre as violações, confinamento solitário por 93 dias e maus tratos reiterados.
Jarrar permanece aprisionada em uma cela minúscula, sem ventilação e sem demandas básicas, como água e luz, o que transformou seu cárcere — segundo o Handala — em um túmulo ainda em vida.
A organização deu detalhes das condições impostas, com Jarrar deitada 24 horas por dia sobre o chão, perto de uma fresta no batente da porta, para inalar o pouquíssimo oxigênio que entra na cela.
Suas condições, prosseguiu a nota, são emblemáticas da crueldade imposta a palestinos detidos nas cadeias de Israel, em maioria, sem julgamento ou sequer acusação — reféns, por definição.
Em seu alerta, o Handala ressaltou apelos por intervenção internacional urgente, a fim de salvar a vida de Jarrar e de todos os outros prisioneiros encarcerados arbitrariamente pelo exército da ocupação de Israel.
Jarrar foi sequestrada por soldados israelenses em 26 de dezembro de 2023, em sua casa em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, posta sob detenção administrativa — sem sequer acusação. Mais tarde, foi levada a isolamento, como medida punitiva, relatou a ong Clube dos Prisioneiros Palestinos.
Jarrar é figura central na Frente Popular para a Libertação da Palestina — o segundo maior grupo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) — e parlamentar do Conselho Legislativo Palestino. Seu protagonismo político levou a múltiplas prisões por Israel.
A ocupação israelense mantém hoje 97 mulheres palestinas em custódia, a maioria delas na penitenciária de Damon, no norte do país.
Israel escalou suas ações contra a Cisjordânia no contexto do genocídio em Gaza, com 43 mil mortos, 103 mil feridos e dois milhões de desabrigados, em curso há 13 meses.
Na Cisjordânia, são 780 mortos, 6.300 feridos e 11 mil detidos arbitrariamente, em ações que reúne pogroms coloniais contra aldeias e cidades e uma campanha de detenção em massa contra comunidades civis.
A escalada desacata um veredito histórico, deferida em julho, pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde Israel é réu por genocídio. A corte reconheceu a ilegalidade da ocupação militar israelense, ao orientar a evacuação imediata de colonos e soldados e reparações aos nativos.
Em setembro, a orientação de Haia avançou a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, sob votação favorável com maioria absoluta — mais de dois terços dos Estados-membros —, com prazo de um ano para ser cumprida.