A liderança em Israel insiste em manter a possibilidade de voltar a bombardear o Líbano a qualquer momento mesmo após assinar um eventual cessar-fogo com o grupo Hezbollah, advertiu nesta quarta-feira (13) o Ministério de Relações Exteriores da França.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Durante audiência parlamentar sobre sua visita a Jerusalém ocupada, na última semana, o incumbente da pasta, Jean-Noel Barrot, confirmou que a prerrogativa prevalece em alta entre os oficiais israelenses.
“Hoje, ouvimos dos israelenses apelos para manter capacidade de ataque ou até mesmo invasão, a qualquer momento, contra o Líbano, como ocorre na Síria”, disse Barrot, que se reuniu com os ministros coloniais Ron Dermer (Assuntos Estratégicos) e Israel Katz (hoje, Defesa; ex-chanceler).
“Isso não é compatível com a soberania de um país”, admitiu Barrot, ao alegar ações para ajudar a robustecer a governança libanesa, sob crise há anos.
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Diplomatas alertam que é impossível persuadir o Hezbollah ou mesmo o governo interino do Líbano a capitular a um cessar-fogo sob tais ameaças.
Israel não comentou até então as declarações de Barrot.
Katz, no entanto, afirmou previamente: “Não permitiremos qualquer arranjo que exclua as conquistas dos objetivos de guerra [sic], e, sobretudo, o direito de Israel de policiar e agir contra qualquer atividade terrorista [sic]”.
O governo francês de Emmanuel Macron mantém apoio na prática à campanha israelense em Gaza, mas vacila diante dos avanços coloniais na Cisjordânia, ao indicar sanções aos colonatos, e da invasão israelense ao Líbano, sua zona de influência.
Neste contexto, Paris busca trabalhar com os Estados Unidos — parceiros de Israel — em busca de um cessar-fogo, ao menos temporário; contudo, sem êxito.
Conforme Barrot, apesar dos esforços franceses, é imperativo que Washington convença Israel; em contrapartida, é crucial a participação de sua gestão pois o governo americano “carece de fino entendimento das dinâmicas internas no Líbano”.
Divergências entre os supostos mediadores vieram à tona com ações unilaterais, segundo relatos, do enviado americano à região, Amos Hochstein.
Israel intensificou ataques ao Líbano em meados de setembro, após um ano de troca de disparos transfronteiriços com o grupo Hezbollah, paralelamente ao genocídio em Gaza, com 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Em 1º de outubro, Israel deflagrou sua invasão por terra ao país ao norte — entretanto, até então, contida por forças do Hezbollah.
No Líbano, são 3.200 mortos e 14 mil feridos, sobretudo nos últimos 45 dias.
As ações seguem em desacato de resoluções por cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde Israel é réu por genocídio desde janeiro.