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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Chefe de política externa da Europa sugere suspensão do diálogo com Israel

Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia, durante coletiva de imprensa na cidade de Bruxelas, na Bélgica, em 13 de novembro de 2023 [Dursun Aydemir/Agência Anadolu]

Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia, propôs suspender oficialmente o diálogo político com Israel devido a seu descumprimento flagrante da lei internacional, em particular, na Faixa de Gaza, reportou a agência Anadolu.

“Após um ano de apelos ignorados, pelas autoridades israelenses, por respeito ao direito internacional em sua guerra em Gaza, não podemos seguir com negócios como sempre”, declarou Borrell nesta sexta-feira (15).

“É por isso que propusemos aos Estados-membros da União Europeia banir importações dos assentamentos ilegais e suspender o diálogo político com Israel”, insistiu Borrell, em referência a um acordo amplo de relacionamento entre as partes, incluindo comércio, em vigor desde junho do ano 2000.

“Discutiremos medidas no Conselho de Assuntos Exteriores, ainda na próxima semana”, confirmou o diplomata.

A suspensão do acordo, no entanto, é improvável dado que demanda unanimidade dos 27 membros do bloco, incluindo aliados vigorosos de Israel, como Alemanha e Hungria.

Borrell, cujo mandato de cinco anos se encerra em 1º de dezembro, assumiu uma postura mais contundente contra as violações de Tel Aviv nos meses recentes, ao notar que “falta tudo” aos civis de Gaza e que, em boa parte do enclave, “não resta quase nada capaz de sustentar a vida humana”.

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“O norte de Gaza, certa vez lar de mais de um milhão de pessoas, foi esvaziado quase por completo, após várias semanas de bombardeios implacáveis, que destruíram os últimos centros de saúde, abrigos e escolas que restavam na região”, acrescentou.

Borrell advertiu que o padrão de violações em Gaza, ainda em curso, é replicado também no Líbano e na Cisjordânia pelas forças de Israel.

“Que cumpram o direito humanitário internacional, que respeitem as ordens vinculativas do Tribunal Internacional de Justiça, que garantam o acesso humanitário, que consintam com as propostas de cessar-fogo, que permitam que jornalistas e peritos sob mandato da Organização das Nações Unidas entrem em Gaza — veja a longa lista de apelos ignorados por Israel; grande demais sequer para contar”, argumentou o oficial europeu.

Segundo Borrell é fundamental preservar “um mundo baseado nas regras, a começar por aplicar suas normas sem distinção”. Para o diplomata, em outras situações de violações corriqueiras da lei internacional, a Europa adotou sanções consideráveis, como proibição de vistos, denominações de terrorismo e restrições econômicas.

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Para Borrell, porém, até então, Tel Aviv vem sendo poupado de quaisquer “consequências consideráveis” por suas ações. “Mas isso tem de mudar com urgência”, reafirmou em sua declaração.

Borrell requereu ainda uma análise da adesão de Israel aos Acordos de Associação com a Europa, do representante especial do bloco para direitos humanos.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há mais de um ano, com 43.700 mortos e 103 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados sob sítio absoluto — sem comida, água ou medicamentos.

No Líbano, são 3.200 mortos e 14 mil feridos, sobretudo nos últimos 45 dias.

As ações israelenses seguem em desacato de resoluções por cessar-fogo do Conselho de Segurança, além de medidas cautelares por desescalada e fluxo humanitário do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde Israel é réu por genocídio desde janeiro.

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