Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que seu governo rompeu todas as relações com o Estado de Israel, segundo informações da agência oficial Anadolu.
“Como nação e governo da República da Turquia, decidimos cortar os laços diplomáticos com Israel, e atualmente não temos qualquer relação com eles”, declarou Erdogan nesta quarta-feira (13) ao conversar com repórteres a bordo de seu avião presidencial.
“Nosso governo está determinado nesta decisão, em romper nossas relações com Israel, e manteremos, portanto, essa posição no futuro próximo”, observou.
O presidente reiterou que seu governo não pretende, neste momento, buscar medidas ou passos para restaurar ou melhor o relacionamento ou a cooperação com Israel.
O anúncio de Erdogan é particularmente notável após sua participação na Cúpula Árabe-Islâmica realizada em Riad, na Arábia Saudita, onde Estados da região e além se reuniram para debater o genocídio em Gaza e a agressão ao Líbano.
Segundo o presidente turco, os 52 países e as duas organizações presentes manifestaram apoio às iniciativas de sanções e embargo contra a ocupação, incluindo um embargo de armas, reivindicado nas Nações Unidas.
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“Recentemente emitidos uma carta formal por essa iniciativa à presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas e ao secretariado-geral do fórum”, notou Erdogan. “Em nossa cúpula em Riad, decidimos convidar todos os membros da Liga Árabe a subscrever a carta”.
Erdogan, em sua turnê ao exterior, passou também pelo Azerbaijão.
Não há informações da embaixada turca em Tel Aviv até então.
A Turquia estabeleceu um embargo comercial a Israel em maio, após meses de denúncias das violações em Gaza, mas manteve relações de diplomacia até então. A embaixada de Israel em Ancara, porém, permanece evacuada, sob alegações de segurança por parte da ocupação.
“Estendemos nossas mãos à Síria para a normalização”, comentou Erdogan, ao notar sua reaproximação com o regime de Bashar al-Assad, no território levantino, ainda em guerra civil, desde 2011.
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Erdogan destacou como imperativo “que a união do território sírio não esteja ameaçada, mas que Assad reconheça as demandas e tome as medidas necessárias para estabelecer um novo clima para sua nação”.
Neste sentido, acrescentou o presidente: “As ameaças de Israel a seus vizinhos, incluindo a Síria, não são mera imaginação”.
Sobre tensões na fronteira, advertiu: “Operações transfronteiriças em nome da segurança de nosso país continuam sobre a mesa e estamos preparados para iniciá-las a qualquer momento, caso nos sintamos ameaçados”.
Erdogan enfatizou ainda que seu governo fará “tudo em seu poder” para responsabilizar o premiê israelense Benjamin Netanyahu por seus crimes em Gaza e em toda a região. Seu governo interveio, neste ano, a favor do processo da África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), deferido em janeiro.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há mais de um ano, com 43.700 mortos e 103 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados sob sítio absoluto — sem comida, água ou medicamentos.
No Líbano, são 3.200 mortos e 14 mil feridos, sobretudo nos últimos 45 dias.
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