Durante G20 no Rio, Erdogan reafirma apelo por cessar-fogo em Gaza

Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, cumprimenta o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado das respectivas primeiras-damas, Emine Erdogan e Janja Lula da Silva, durante a cúpula do G20, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, em 17 de novembro de 2024 [Presidência da Turquia/Divulgação/Agência Anadolu]

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reiterou nesta segunda-feira (18), o apelo por um cessar-fogo imediato e permanente diante do “desastre humanitário que se impõe a Gaza”, durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro.

Erdogan participou de uma sessão sobre Inclusão Social e Combate à Fome e à Pobreza, na abertura do evento, chefiada pelo Brasil.

Antes da reunião, um vídeo promocional reforçou o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgada como um dos pilares da conferência deste ano.

Lula da Silva abriu a 19ª edição do G20 nesta segunda, no Museu de Arte Moderna (MAM), ao lamentar as crescentes tensões e confrontos armados que assolam a arena global. De acordo com o mandatário brasileiro, “o mundo está pior”, com maior instância de conflito e deslocamento, incluindo fome, desde a Segunda Guerra Mundial.

Durante o evento, Erdogan se sentou entre o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, e o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, com quem teve uma conversa breve. Após a sessão, reuniu-se com Lula a portas fechadas.

O G20 reúne nesta semana líderes das 19 maiores economias do mundo, além de União Europeia e União Africana, além de convidados como o António Guterres, secretário-geral Organização das Nações Unidas (ONU), e Kristalina Georgieva, chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Pela primeira vez, o Brasil assumiu a liderança do G20, ao adotar três pilares para o fórum: combate à pobreza e à fome; desenvolvimento sustentável; e reformas nas estruturas de governança global.

O G20 carioca ocorre em um contexto de divergências Sul-Norte, em particular, em torno de reformas nos órgãos internacionais e tensões militares, com destaque para a invasão russa na Ucrânia e a agressão israelense em Gaza e no Líbano.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia da África do Sul deferida em janeiro.

O G20 reúne no Rio diferentes líderes globais, incluindo os presidentes Joe Biden (Estados Unidos), Xi Jinping (China) e Emmanuel Macron (França), além de emissários convidados de países emergentes.

Em Gaza, as ações israelenses deixaram ao menos 43.800 mortos, sobretudo mulheres e crianças, além de 103 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco absoluto que engendrou uma catástrofe de fome sem precedentes.

Segundo dados da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC), 86% da população de Gaza — 1.8 milhão de pessoas — sofre fome em nível 3 (crise) ou pior. Em nível 5 (catástrofe), são ao menos 133 mil pessoas, sobretudo no norte.

No atual contexto, Erdogan assumiu uma postura veemente contra o genocídio em Gaza. Na semana passada, o presidente turco anunciou que seu país cortou todos os laços com Israel, incluindo diplomacia, após um embargo comercial desde maio.

O anúncio de Erdogan é particularmente notável após sua participação na Cúpula Árabe-Islâmica realizada em Riad, na Arábia Saudita, onde Estados da região e além se reuniram para debater a escalada regional, sobretudo em Gaza e no Líbano.

No sábado (16), apesar de chuva, uma manifestação de mais de dez mil pessoas tomou a orla de Copacabana em defesa dos direitos palestinos, às vésperas do G20.

Lula mantém críticas às ações de Israel e apoio à denúncia sul-africana em Haia — que o levaram a ser declarado persona non grata pelo Estado ocupante. Contudo, a despeito da pressão da sociedade civil, ainda procrastina uma ruptura de relações.

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